De novo
por Francisco RussoCertas situações são tão exploradas pelo cinema americano que se tornam quase um subgênero próprio, com suas regras e características muito bem definidas. É o que acontece com O Verão da Minha Vida, estreia dos roteiristas Nat Faxon e Jim Rash (de Os Descendentes) na direção. Afinal de contas, quantos filmes você já viu sobre a passagem da vida adolescente para a adulta, onde alguém ou algum lugar serve de respiro para uma vida repleta de tristezas e angústias? É exatamente isto que acontece com o jovem Duncan, interpretado com uma certa apatia necessária pelo pouco conhecido Liam James.
Em filmes neste estilo, reza a cartilha que o jovem em questão precisa passar por variadas questões familiares e que, na ansiedade de deixá-los para trás, acaba encontrando algo que sirva como um oásis em meio aos problemas. Bom, em O Verão da Minha Vida os problemas de Duncan atendem pelo nome do padrasto Trent (Steve Carell), que adora diminuí-lo e fica sempre no seu pé. Para piorar a situação, a família toda vai passar as férias de verão num local onde todos conhecem o padrasto, ou seja, Duncan está em território inimigo. Cada vez mais aborrecido, ele vaga pelas ruas andando de bicicleta até que, um dia, encontra num fliperama um cara descolado e brincalhão (Sam Rockwell). Para melhorar ainda mais, ele trabalha em um parque aquático, símbolo maior da diversão e da mudança em sua vida!
Como se pode perceber, O Verão da Minha Vida é um filme formulaico até dizer chega. O que não significa dizer que seja um filme ruim, apenas excessivamente previsível. A trajetória de Duncan de um menino tímido e literal nas conversas a alguém com mais auto-estima é contada de forma correta e, por mais que seja um personagem estereotipado, Sam Rockwell cumpre bem a tarefa de ser o “irmão mais velho” que mistura o trabalho com uma certa dose de fanfarronice que faz bem à própria vida. Além disto, Allison Janney diverte como uma personagem espirituosa e com algumas boas tiradas.
O maior problema do longa-metragem é realmente o excesso de clichês, o que faz com que personagens até interessantes como as de Toni Collette e AnnaSophia Robb não sejam desenvolvidas a contento justamente porque sabe-se, do início ao fim, o que elas farão dentro da história. Na verdade, tudo tem um certo clima de dèja vu, justamente por ser este um tema tão batido em Hollywood e o filme trazer como única novidade o fato de Steve Carell interpretar um personagem antipático. Por mais que seja bem feito e até consiga prender a atenção do espectador, é pouco para ficar marcado na memória por muito tempo após o término da sessão.