Pânico 3 foi o filme responsável por fechar a trilogia. Contudo, dentre os três filmes, certamente foi o pior. Pegou tudo que os dois primeiros filmes construíram e jogou na lama. Por isso, pouco mais de dez anos depois, Wes Craven juntou o que sobrou do elenco principal e produziu Pânico 4. Pelo visto a década de experiência foi bem útil para o produtor, que voltou mais apegado aos dois primeiros filmes, ao invés do desprezível terceiro.
A cena inicial volta a ser um ponto alto, quando brinca ao utilizar cenas de A Punhalada para nos fazer pensar que fazia parte do início de Pânico, porém eles mostram que se tratava de um filme assistido por personagens. Só que aí acontece outra morte, e a gente pensa que o acontecimento inicial será esse. Mas não, eles surpreendem novamente mostrando que ali era um filme assistido por outro filme, e agora sim ocorrerá a morte que irá contar na trama (é realmente difícil de entender, só assistindo para visualizar a complexidade e criatividade da cena). Aqui você esquece do terceiro filme e recorda dos bons e gloriosos tempos de Pânico 1 e 2. Excelente!
Sidney retorna para Woodsboro, onde moram uns familiares dela, como a sobrinha Jill Kessler - Emma Roberts -, que logo se mostra uma das protagonistas do filme. Craven nos entrega um elenco mais agradável, com personagens mais vivos e que lembram bastante o elenco original. Charlie e Robbie, por exemplo, são nerds que amam o terror. Ou seja, temos dois Randy's. A sobrinha de Sidney aqui representa a tia, no auge da sua adolescência. Por isso, todos os novos personagens são ligados a ela e não a Sidney. Só não mudou mesmo a obsessão do Ghostface pela vítima preferida do terror (Sidney ou Laurie Strode). Dewey aqui é chefe de polícia e Gale havia desistido de escrever sobre crimes e coisas do gênero, mas só durou o tempo de ocorrerem mais homicídios relacionados à Ghostface. Eles se tornaram um casal, como todo mundo esperava desde o início.
Mais algumas características conservadas foram: ineficiência policial e Gale repórter criminal. Isso acabou gerando crises no casamento, que teve ainda a presença da policial Judy como outro ponto de conflito. Nessa sequência você sente as mortes, pois os personagens conseguem ser trabalhados (e eles morrem). A cena do guarda-roupa mesmo, onde Ghostface diz a icônica frase: "eu disse que estava no armário, só não disse em qual" e surge do armário da Olivia e acaba com a garota, enquanto Sidney, Jill e Kirby observam da casa em frente, segurando o telefone na chamada com o assassino. Essa cena é sangrenta, forte e inesperada. Causa um medo real.
Por falar em Kirby, essa personagem é a melhor amiga de Jill e também se amarra em terror. Tanto que Charlie tem um crush nela, mais ou menos por conta disso: uma garota gostosa e nerd, fã de terror. Uma das melhores personagens da trama, consegue ser divertida sem ser forçada, além de realmente entender o que está acontecendo ali (um filme de terror).
Além dela, temos Gale como outro ponto alto, quando regressa ao emprego de repórter e se envolve em todas as tretas. Os dois nerds também me agradam. Sidney nem tanto, pois aqui é como se o bastão estivesse sendo passado para a sobrinha dela, e realmente faz sentido (na verdade faria sentido, se o final tivesse sido diferente).
O desfecho ocorre na casa de Kirby, onde Ghostface começa a empilhar os corpos. Robbie, que acreditava que não seria vítima por ser gay, acabou sendo assassinado mesmo assim (eu dei risada). Depois Charlie é capturado e Ghost faz o famoso jogo das perguntas com Kirby, em troca da vida do garoto que tanto gostava dela. Como uma boa fã dos filmes de terror, Kirby tira de letra e consegue ganhar do assassino e soltar Charlie. Ela só não esperava que ele fosse um dos Ghostface (nesta cena fica claro que há mais de um, porque alguém teve de amarrá-lo nas cordas). Charlie aplica algumas facadas na garota e diz que sempre curtiu ela no colégio, mas nunca recebeu bola e por isso havia feito uma vingança. Do outro lado da cidade, a irmã de Sidney e também mãe de Jill é assassinada por outro Ghostface. Mas isso acabou sendo irrelevante.
Após Sidney chegar na casa da finada Kirby, o outro assassino se revela: Jill Kessler, a sobrinha e suposta nova protagonista da franquia. Ela planejou tudo, a fim de acabar com a tia e se tornar a nova vítima para a mídia. Os assassinos usam o método de Billy e Stuart, do primeiro filme, de se atacarem para parecer que realmente sobreviveram ao massacre e incriminar outra pessoa. Aqui o incriminado seria o ex namorado de Jill, um maluco bem irrelevante. De repente, a garota mata Charlie, seu "parceiro" pois na mente dela só poderia haver um sobrevivente apenas.
Jill mata Sidney e começa um show de autodestruição, para ficar toda ferida e parecer realmente uma sobrevivente. A cena é linda. Ela é resgatada e aclamada pela mídia, que aqui é tida como tendenciosa ao extremo. Ou seja, há críticas. No hospital, Jill descobre que Sidney ainda está viva, porém inconsciente. Quem lhe dá a informação é Dewey, sem imaginar o perigo que colocou a amiga. Ele só percebe quando conta para sua mulher, Gale. Ela liga os pontos e entende que Jill na verdade é a outra assassina. Eles chegam no quarto de SIdney na hora certinha, mas Jill rende o paspalho do Dewey e rouba sua arma. Nisso chega a policial e também é rendida. A sorte foi que Sidney desperta e aplica o desfibrilador nos peitos de Jill, deixando-a inconsciente, até levantar e tomar um tiro na testa. O filme acaba dentro do hospital, sem que saibamos se a verdade veio à tona. Só mostra uma manchete sobre a heroína Jill Kessler.
Pânico 4, na minha visão, é o segundo melhor filme da franquia, brigando até com o original (de verdade). É super recomendável. Vários são os motivos: possui ótimos personagens; uma história bem elaborada; plot twits; terror e humor bem entrelaçados, o que os fãs sentiam falta na trama, dentre outros motivos mais. Pânico 4, assim como o primeiro, são filmes que estão na minha lista para serem assistidos ao menos uma vez por ano. Vale muito à pena.
Nota geral do filme: 96%
* Atuações - 20/20
* Enredo - 20/20
* Efeitos - 15/15
* Atratividade - 8/10
* Trilha Sonora - 4/5
* Desfecho - 19/20
* Gosto Pessoal - 10/10