Terror que diverte
por Roberto CunhaQuinze anos após a estreia de Pânico, dirigido por Wes Craven e criado por Kevin Williamson (o mesmo do seriado Dawson's Creek), chegou a hora de quebrar o jejum de 11 anos da série, sofrido pelos fãs do assassino serial Ghostface. Mas você não precisa parar de ler, achando que se trata de um sádico escrevendo para um grupo de psicopatas. Quando o primeiro filme estreou em 1996, o gênero terror andava meio mal das pernas e graças a essa mistura de medo e deboche provocado por um assassino, que matava as vítimas depois de fazer perguntas sobre filmes de terror, o segmento ganhou uma sobrevida.
Se ainda assim você não entendeu patavinas, saiba que é quase certo que conheça ele. Afinal, a silhueta que se move rapidamente, vestida de preto e com um punhal na mão, já virou até fantasia de criança. É ele que usa a indefectível máscara branca de queixo grande, num misto da imagem da morte (sem a foice) com o quadro "O Grito" de Edvard Munch. Lembrou agora?
Nessa nova história, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna à cidade onde tudo começou para lançar um livro sobre sua nova vida. Mas a morte continua rondando a única sobrevivente dos terríveis crimes do passado e eles voltam a acontecer, deixando todo mundo (com trocadilho) em pânico. Será que ela morre dessa vez? Além dela, David Arquette e Courteney Cox repetem os personagen originais, mas a produção tem muita gente conhecida, como Hayden Panettiere, do seriado Heroes, Emma Roberts, Anthony Anderson e Adam Brody, da série The O. C., entre outros. Repetindo a (boa) fórmula de brincar com o espectador e com o próprio filme, o roteiro ainda tem vigor e é criativo, provocando risadas e momentos de absurdo suspense, alguns deles, terminando com doses exageradas do já caracterísitico sangue cenográfico espirrado para cá e para lá. E critica de maneira bem humorada as refilmagens ou as intermináveis sequências realizadas no segmento.
Os diálogos rápidos e inspirados não perdem uma chance sequer de citar serial killlers famosos do cinema, suas armas ou seus hábitos. E ainda arranjam espaço para "homenagear" figuras reais, como Bruce Willis e o cultuado diretor Robert Rodriguez. Cheio de sacadas interessantes como um despertador que toca a música tema de Um Tira da Pesada ou alguém sendo abatido por uma comadre (penico) de hospital, não faltarão oportunidades de se pinçar referências, como os muitos cartazes e cenas de filmes, como Todo Mundo Quase Morto. Com uma edição correta e trilha sonora "audível", esta sátira não tem a intenção de virar item obrigatório de coleção ou da sua prateleira, mas por falar nisso, "qual é o seu filme de terror favorito?" (risadinha sinistra)