CONVINCENTE ATÉ O FINAL
por Roberto CunhaQuem teve a oportunidade de assistir o recente Atividade Paranormal ou, pelo menos, ouviu falar dele, sabe que o cinema experimentou em 2009 um certo revival dos filmes sobre supostas experiências verdadeiras. Tanto é que A Bruxa de Blair voltou a ser tema em rodas de conversas entre cinéfilos. A idéia não é nova. Faz lembrar, inclusive, o famoso episódio da narração de Orson Welles para "Guerra dos Mundos" na rádio CBS, que provocou pânico verdadeiro nos Estados Unidos.
Guardando as devidas proporções, no cinema, o grande barato também é conseguir gerar no espectador o envolvimento suficiente para ele esquecer que está diante da ficção. Para isso, Contatos de 4º Grau abre com a atriz Milla Jovovich dando um intrigante depoimento sobre o que será visto a seguir. A história se desenrola a partir de uma entrevista da psicóloga Abigail Tyler (Jovovich) sobre os bizarros acontecimentos ocorridos com sua família e que se iniciaram com o misterioso assassinato do marido.
Ao dar continuidade a uma pesquisa do falecido, ela começa a gravar as sessões de hipnose com pacientes que sofrem de insônia. E embora o papo sobre uma coruja branca nos sonhos deles possa, num primeiro momento, não ter força, o que se vê nos minutos seguintes é bem diferente. Com um bem elaborado jogo de cenas, mostrando simultaneamente (tela dividida) vídeos "reais" e vídeos que dramatizam a tal cena real, o filme desperta a curiosidade e tem condições de prender você na teia da trama. O roteiro tem ritmo e se mantém num crescendo constante. Não fala de espíritos e sim de alienígenas, motivo pelo qual recebeu o seu título, alusivo ao estágio (4º) de contato correspondente a abdução. Os efeitos especiais e recursos de câmera são simples, mas muito funcionais e prendem a atenção. E o melhor: tem clima, assusta e nota-se que não foi esticado para render uma história.
Com uma campanha infinitamente menor que o fenômeno recente citado mais acima, Contatos de 4º Grau em termos de produção é muito mais bem realizado e o resultado final é, de fato, interessante. Seu mérito é desfazer a impressão do que tudo é falso, com uma história curiosa, assustadora e até convincente, "abduzindo" facilmente o espectador mais distraído. Sem sombra de dúvida, vale o "contato" a partir da poltrona da sala escura.
PS: não deixe de assistir os créditos finais. Eles aumentam a (boa) impressão sobre o tema e o filme.