Acho que estou meio mal acostumado com a Pixar, afinal, eu sempre ando saindo satisfeito após ver seus filmes.
Valente, entretanto, já me causou uma boa impressão mesmo antes de eu ir conferir sua sinopse, ou seu trailer. Adorei o visual da protagonista, seu cabelo armado e sem pentear, sua expressão forte e determinada. Isso contradiz um pouco o esterótipo de protagonista perfeita da Disney - afinal o filme não é só da Pixar, né -, de princesa perfeita, aliás. E fiquei muito contente, quando, ao ver o filme, pude ver que essas características foram de fato usadas e bem aproveitadas. Merida é rebelde, selvagem e obstinada - o que, bem sabemos, nem sempre é lá muito bom - e eu me apeguei muito a ela, admito.
Para incrementar ainda mais a obra, temos o cenário. Aqui, em Valente, não são só os personagens que podemos apreciar em termos de imagem, já que o cenário, como já é de costume da Pixar, são maravilhosos. Acho que fiquei um pouco mais impressionado neste caso pelo fato de, geralmente, nos filmes da Disney/Pixar os cenários se passarem mais em ambientes urbanos, utópicos ou futurísticos. Em Valente, não; temos a oportunidade de apreciar o efeito das árvores, a luz da lua sobre a grama e outros elementos característicos que apenas a era medieval pode proporcionar.
Ainda falando da era medieval, chegamos ao ponto da trilha sonora. Não é perfeita - a voz de Manu Gavassi ainda não me convenceu), mas é bem plausível ao tentar nos introduzir na onda celta em que o filme se deixa levar, com a utilização de melodias - em sua maioria - até que muito bem construídas. Eu, particularmente - claro, porque essa resenha é minha! - gostei muito.
Por outro lado, o filme também tem seus pecados. Apesar da história ser bem interessante e abordar assuntos pouco usados no cinema, faltou um pouco de corpo e verdadeiros grandes momentos não são muitos. Os minutos entre o conflito e o clímax às vezes transcorrem vagarosamente em cenas mais afetivas e rápido demais nas cenas em que o coração bate mais forte, e acaba que o final se mostra meio apressado. E, embora Valente explore muito bem Merida e sua mãe, e a relação que constroem, alguns personagens são deixados um pouco de lado - o que não é muito legal, porque, se pararmos pra pensar, o filme tem poucos personagens. Mas acho que, o mais frustrante, é a falta de um vilão verdadeiro. Sim, em Valente temos um vilão, mas eu simplesmente esperava mais dele, não mais história, porque isso ele tem bastante e muito bem, mas mais participação.
Sem falar da ausência da bruxa.
De qualquer maneira, doa o quanto doer, contudo esse filme é para crianças. Rs. Talvez, se fosse feito para adultos esses erros pudessem ser consertados, mas, para o público alvo, do que importa todas essas "baboseiras" que acabei de dizer?
Se a intenção é divertir e entreter, Valente acerta na mosca (ou no alvo, rs). É lindo de se ver e serve para meditarmos em nossos erros e nas consequências de tomarmos, precipitadamente, decisões que não cabem só a nós - a mensagem é linda. O filme tem sua cota e humor, bem balanceada, e uma mitologia bem bordada. Entretanto, é para apreciadores de animações, não de céticos sérios e super-críticos.