Todos estávamos ansiosos para ver o novo longa do prodígio Damien Chazelle, que agora foge da sua zona de conforto e faz um filme sem relação com musica. Primeiro podemos falar que “O primeiro homem” é um filme registro todo dramatizado e com algumas liberdades poéticas, Damien não escreveu o roteiro bruto do longa, apenas fez leves mudanças, e isso fica perceptível, pois seu roteiro é pouco lúdico e extremamente factível com os acontecimentos reais, o que acaba por deixar o filme muitas vezes monótono, mas é importante lembrar que não é uma aventura ou uma ficção, a historia apesar de incrível, é chata em suas entrelinhas, mas mesmo com essas adversidades o longa conta com muita qualidade. Damien nos conta a historia de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua, uma historia que já foi contada antes no cinema, mas nunca tão pura como agora, nos espaços livres, Damien acaba por tentar humanizar o filme e criar dramas, justamente, para ser um filme, no mais puro ato da palavra, isso até funciona em alguns pontos, já em outros não, pois são 2 núcleos principais de drama, de Neil com seu medo e perdas e de Neil com sua família, o segundo núcleo dramático não funciona. O filme tenta discutir alguma moral, sobre perda e contemplação, mas fica tudo meio jogado e sufocado pelo objetivo primordial do filme que é contar sobre a ida do homem a lua. Ryan Gosling não consegue exprimir nada quando seu lado dramático é exigido e acaba por não ajudar Damien a explorar mais uma vertente dramática no filme, já Claire Foy, que também tem um núcleo dramático no filme, acaba por atingir mais o telespectador, e vira um pilar de sustentação do filme, mais por sua atuação do que pelo roteiro. Tecnicamente, Damien dá um show a parte, principalmente na utilização das câmeras, aspecto que já havia sido muito elogiado em seus trabalhos anteriores, as cenas dentro das naves são sufocantes, claustrofóbicas, lindas, tensas e cheias de adrenalinas, principalmente pela utilização de sua câmera de mão e ângulo mais acentuado, o filme é sempre dirigido na altura do ombro, com muitas cenas de plano médio, fotografia cinza, a direção artística do filme é realmente ótima, o que acaba por muitas vezes compensando o ritmo lento do filme que incomoda, ritmo lento que fica por conta do roteiro e montagens que confundem e pautam mal seus atos para o telespectador. Outro ponto relevante é o som do filme, ótimas mixagem e edição de som arrebatadoras, fortes concorrentes ao óscar, já que falamos de som, a trilha do filme tem a cara de Damien, extremamente lúdica e pouco épica, funciona bem com a tentativa de humanização do filme, porem, podia ter uma pitada do fator épico, alias, estamos explorando outro planeta –Satélite nesse caso- . “O primeiro homem” é um ótimo filme, que acaba tendo pontos baixos na atuação e no seu próprio ritmo, porem é uma ótima reconstrução do apolo 11, uma historia incrível, com seus pontos mais importantes bem registrados e uma técnica de altíssimo nível.