Ação em Dose Dupla.
Ícones do cinema de ação dos anos 80 e 90, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger já residem no imaginário do público como dois brutamontes indestrutíveis. Isso foi não só consolidado ao longo de vários filmes protagonizados por ambos, mas também pelo estilo de ação adotado por tais produções em que atuavam. Como espécimes do cenário de ação, sempre pairou um sentimento de como seria a presença da dupla em um mesmo filme, algo muito bem realçado neste ótimo Rota de Fuga.
Sylvester Stallone é Ray Breslin, um especialista na área de segurança em penitenciárias. Sua função é justamente descobrir falhas no sistema prisional e documentar possibilidades de fuga, vivendo exatamente como isso seria possível, já que fica preso para investigar e elaborar as escapadas mirabolantes. Após mais uma de suas descobertas, a empresa de Breslin, Breslin-Clark é contratada por uma desconhecida da CIA para avaliar um presídio particular secreto e identificar, novamente, se ele é a prova de fuga. O grande problema deste novo trabalho é justamente como tudo fica oculto, já ninguém conhece o local e muito menos terá durante o trabalho.
Dentro da penitenciária, Breslin conhece Swan Rottmayer (Arnold Schwarzenegger) um detento com certa experiência do local, inclusive que poderia facilitar a busca por eventuais favores. Como o desenrolar da avaliações de Breslin mostra-se delicada, já que ele descobre ter sido traído, temos aí o início de um intrincado e inteligente plano para sair do lugar.
Grande parte das dificuldades existem por conta da perspicácia do diretor Hobbes (Jim Caviezel), o exigente e detalhista coordenador do local, inclusive sendo o responsável por desenhar todo o projeto da penitenciária. Ele ainda tem como funcionário ninguém menos que Vinnie "Fucking" Jones interpretando Drake, um oficial linha dura que não dá brechas e muito menos vida boa para os detentos.
Apesar do elenco afinado, o filme ainda fica longe de ser rotulado único e exclusivamente como filme de ação, já que seu enredo bem estruturado, cuja dinâmica narrativa faz a atenção ser triplicada para não perder cada segundo, cria uma empatia fenomenal com os protagonistas, deixando-nos na torcida para que seus planos sejam bem sucedidos. O roteiro de Miles Chapman e Jason Keller mostra-se inteligente e funcional sob a astuta direção do sueco Mikael Håfström, um diretor não tão experiente no ramo de ação, mas soube aproveitar muito bem seus protagonistas, principalmente na sequência final.
A prisão em si é outro ponto a ser destacado, pois sua celas transparentes e a geografia bem estruturada, permitem que tudo seja visto pelos controladores do local. Tanto o deslocamento dentro da penitenciária quanto o controle do detentos é feito de forma singular e bastante cautelosa, ampliando ainda mais a tensão do que vem a seguir. Um interessante contraponto é que a empresa Breslin-Clark possui sua estrutura interna bem similar, como divisórias de vidro em todo o ambiente, similar à prisão em que Ray foi encarcerado.
Além dos diversos elementos presentes na película, incluindo aí uma edição funcional e o ótimo entrosamento do elenco, ROTA DE FUGA é um forte exemplar para ficar na posteridade como um filme de ação inteligente como pouco se vê na atualidade. Sly e Schwarzie se saíram muito bem co-protagonizando este divertido e funcional exemplar cinematográfico, recomendadíssimo.