É muito triste você sair de uma sessão e ver que o potencial do filme foi desperdiçado e é muito pior ficar 2 horas e 20 minutos preso numa história que poderia ser feita em 1 hora e meia.
Na trama, o advogado John Reid retorna para sua cidade natal onde vive seu irmão e a família dele. John leva a justiça ao pé da letra, mas ao ver seu irmão morto numa emboscada, percebe que a justiça pode não existir no velho oeste. Deixado para morrer, John é salvo pelo índio Tonto que acredita que ele seja um mensageiro espiritual. Ambos unem forças para acabar com os criminosos, evitar a guerra entre brancos e índios e fazer justiça.
Todo mundo conhece o mascarado do velho oeste Lone Ranger pela seguinte frase: "Hi-yo Silver, away!". Já ouviu isso em algum lugar? Provavelmente, pois o mascarado fez sucesso nas rádios, na TV e inclusive no cinema. Infelizmente no nosso país, o herói ficou conhecido como Zorro, causando confusão até hoje. Acontece que Zorro é outro herói mascarado que usa chicote e tem um cavalo legal, mas é exclusivamente latino e sua história se distancia de Lone Ranger, por mais que elas apresentem semelhanças entre si.
Pronto, esclarecido a diferença entre os heróis vamos à crítica. A comparação com Piratas do Caribe é válida, pois o filme abusa das mesmas piadas e da mesma fórmula. Johnny Depp interpreta Tonto, um personagem estranho que muitos tem comprado com Jack Sparrow. Não considero os personagens parecidos, mas está mais do que claro que Depp está atuando no automático a cada filme que faz, o que acaba por lhe prejudicar no desenvolvimento. De todo o modo, ainda é possível se divertir com o personagem que tem lá seus momentos.
Armie Hammer veste a máscara como o mais novo Lone Ranger e o ator é bem simpático no papel. Hammer tem uma boa química com Depp e entrega um trabalho melhor que seu companheiro, criando um personagem que por mais chato que seja de início, causa uma certa simpatia pelos seus princípios e é possível se identificar.
O problema dos filmes da Disney é que todos parecem ter a mesma fórmula, mas ao menos esse O Cavaleiro Solitário foge um pouquinho do padrão. Há um certa violência como tiro, morte e essas coisas, mas continua lá a mania de transformar todo momento dramático em alguma piada sem graça. Simplesmente não há nenhuma dramaticidade, pois cada final de cena há uma necessidade incontrolável de transformar tudo em algo cômico.
A duração do filme não ajuda e suas 2 horas e 20 tornam-se um processo longo, arrastado e torturante. Não tem um bom desenvolvimento, enrola em cenas simples e as próprias cenas de ação são cansativas, genéricas e mal dirigidas. O filme poderia ter sido muito melhor se reduzisse sua duração para 1 hora e meia, tornando-se mais dinâmico e mais ágil.
A Direção de Arte e a fotografia são bonitas e o filme tinha um potencial que poderia ser alcançado, mas o design acaba despertando pouca atenção por mais que tenhamos objetos em cena que farão especialistas felizes. A caracterização de Tonto incomoda, bem como a vermelhidão cegante exercida pela personagem Red da atriz Helena Bonhan Carter. A diferença entre Depp e Carter, é que as poucas vezes que a atriz aparece em cena rouba totalmente a atenção, bem como sua interessante "arma embutida".
O ponto alto fica mesmo por conta de sua maravilhosa e nostálgica trilha sonora, principalmente nos momentos finais da trama. Aliás, o final é realmente muito bom e quase nos faz esquecer o sofrimento que passamos nas 2 horas anteriores. Toda a ação da sequencia final é muito bem dirigida, o humor é muito bem pontuado e Lone Ranger montado em seu cavalo é de tirar o fôlego.
Talvez se enxugasse mais o filme para pegar melhor sua essência e descartar totalmente as cenas em que o velho Tonto conta a história, O Cavaleiro Solitário tivesse melhores críticas e até mesmo melhores chances de emplacar, visto que já é o maior fracasso de bilheteria do ano. Tudo é lamentável , pois depois do final fica claro que poderiam ter feito algo promissor ali, porém optaram pela maneira Disney de fazer as coisas.