ASSISTIR NÃO É PERDER O JUÍZO
por Roberto CunhaFilmes infantis, geralmente, sofrem preconceito dos adultos e daqueles que já são pais. Parte deles têm razão porque existe muita coisa ruim direcionada para a garotada. Felizmente, O Fada do Dente não está nesta lista. Apesar do título "difícil" de ler e falar, é um filme fácil de assistir. E com uma mensagem simples e importante para todos, inclusive, aqueles que ainda não são pais: nunca deixe de sonhar.
Derek Thompson (Dwayne Johnson) era uma fera do hóquei no gelo, mas uma contusão o afastou por um bom tempo e ele deixou de acreditar no seu potencial. Acabou ficando conhecido como "o fada dos dentes", um jogador de faltas decisivas que, de quebra, quase sempre arranca o dente do adversário. Contudo, o seu pior defeito não era só ter deixado de acreditar nos sonhos, mas querer que os outros também o fizessem. E ele quase faz isso com a filha de seis anos de sua namorada Carly (Ashley Judd), que tinha deixado um dente de leite debaixo do travesseiro para a Fada do Dente. Ou seja, o cara era um grande estraga prazeres. Até que um dia, por punição do Reino das Fadas, Derek recebe uma intimação e se transforma num Fada do Dente moderno que recebe missões pelo Blackberry.
Bem, se você chegou até aqui no texto, já percebeu que o filme é uma "grande viagem" sobre a crença popular da troca de um dente de leite por uma moeda ou um presente. O primeiro ponto curioso foi usar um esporte violento (tem boas cenas de ação em campo) para tratar de um tema infantil. Com alguns efeitos especiais, o filme dirigido por Michael Lembeck, de seriados de muito sucesso como Friends e Mad About You, tem ritmo e faz uso de todos os recursos já tradicionais como gritos, quedas, escorregões, boladas e outros mais. As novas ferramentas de trabalho de Derek, como o pó de amnésia e a pasta encolhedora, entre outras, geram bons momentos. E rende até uma crítica bem humorada sobre o mercado paralelo e produtos de qualidade duvidosa (chineses?). Uma das consequências é hilária com um pai de uma criança pedindo para "o fantasma" procurar a luz. Risada fácil.
No elenco, os pontos que merecem atenção são: a boa e improvável "química" entre os gigantes Johnson (Derek) e Stephen Merchant (Tracy); o visual mãezona de Judd, que assusta os desavisados no início, e a boa participação não creditada (salvo algum engano) do sumido Billy Crystal como Jerry no início (num ótimo diálogo sacana) e próximo dos créditos finais. Com algumas pequenas sacadas no texto direcionadas para adultos, o que se vê na tela grande é mais um ator truculento num filme infantil (todos fazem e fizeram isto), resultando numa história leve e alegre que passa claramente a sua mensagem. Portanto, se você identificou o tipo de filme e não se incomodou, não fique "indeCiso" e tenha juízo. Assista O Fada do Dente e boa diversão.