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    Educação
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Educação

    O Despertar de uma Atriz

    por Francisco Russo

    O cinema é repleto de casos de brilharecos, pessoas que se destacam em determinado filme e logo em seguida desaparecem. Escolhas erradas, afastamento voluntário, incapacidade mesmo... os motivos são diversos e, é claro, variam de caso a caso. O maior mérito de Educação, indicado a três Oscar incluindo o de melhor filme, é apresentar uma estrela em potencial: Carey Mulligan. Não no sentido de astro, de arrastar multidões para o cinema, mas no conceito do que é verdadeiramente atuar.

    Curioso é notar que Mulligan estava por aí, rondando em papéis menores, já há cinco anos. Ela era uma das irmãs Bennett de Orgulho e Preconceito e está também no elenco de apoio de Inimigos Públicos. Sempre sem se destacar. Faltava um papel que lhe desse a oportunidade de exibir sua naturalidade, seu talento. Este é Jenny Carey. Uma adolescente de 16 anos (Mulligan tem 24) que anseia por deixar as garras da família, em especial as sufocantes de seu pai (Alfred Molina, exagerando na mesquinharia). Jenny sonha em conhecer o mundo, adora lançar frases soltas em francês, é madura para sua idade e estuda, muito, para alcançar seu objetivo: entrar para Oxford. Até que David (Peter Sarsgaard) surge em sua vida.

    Não se trata apenas da simples presença masculina. David é mais velho, tem em torno de 30 anos. Pode lhe proporcionar momentos até então apenas sonhados, como ir a restaurantes, leilões e conhecer lugares. Pode também lhe tirar do mundo regido por seu pai. Afinal de contas, David não precisa apenas seduzir Jenny mas também os pais dela. E consegue. Logo se transforma no queridinho da família, aquele que tem livre acesso para fazer o que quiser. Algo que faz os olhos de Jenny brilharem, não apenas pela situação mas também pela capacidade e ousadia daquele que está nela interessado. É, de certa forma, um meio de lutar por ela. Jenny reconhece e fica lisonjeada por isto.

    Só que, em meio à paixão, vem a difícil decisão: o sonho de Oxford permanece? A resposta passa pela situação da mulher na década de 60, período em que o filme é retratado. As alternativas existentes eram basicamente se casar e tornar-se dona de casa ou se formar e ingressar na carreira como enfermeira ou professora. Jenny sabe disto e precisa pesar ambos para definir qual será seu futuro.

    Como se pode perceber, o roteiro de Educação não é nem um pouco inovador - principalmente na reta final, quando apela para uma reviravolta bem clichê. Apresenta uma situação simples e já vista diversas vezes. Apesar de ser um filme bem feito, com uma trilha sonora em certos momentos contagiante e o toque delicado da diretora Lone Scherfig, seu grande diferencial é Carey Mulligan. Sua atuação é bastante naturalista e radiante, fazendo com que o público logo se conecte com a personagem. Lembra, não apenas pela atuação mas também fisicamente, em especial quando está com o cabelo preso, Audrey Hepburn.

    Educação é um bom filme, mas inferior à sua atriz principal. Indicá-lo ao Oscar de melhor filme é um exagero, causado talvez pela ampliação no número de indicados. Mulligan talvez jamais tenha atuação igual, seja mais um dos tantos brilharecos que surgem aqui e ali. Mas ao menos já tem um belo cartão de visitas para apresentar.

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