A intenção de Tim Burton foi, realmente, louvável. A história é ótima e tinha tudo pra virar uma produção excelente. É, tinha. Mas acabou não sendo. Eu já não dou muito fã da Amy Adams, acho que ela tem cara de coitadinha e só sabe atuar em papéis igualmente coitadinhos. Aí dão a ela um personagem realmente frágil e ela parece, por vezes, sumir em meio à trama, de tão diminuída que fica - o que faz com que Christoph Waltz, que já tem uma propensão nata a roubar a cena, muitas vezes apareça mais que a protagonista. Isso não é, também, "culpa" apenas da atuação morna de Amy - certamente o roteiro, bastante raso e superficial, não ajuda, visto que não se aprofunda e não esmiúça a personalidade tão perturbada - e, por isso mesmo, tão rica - de Margaret Ulrich.
Outro problema do filme é que o enredo se demora em alguns momentos desnecessários e, depois, se atropela em cenas que poderiam - e deveriam - ter sido mais bem elaboradas - como quando acontece a verdadeira reviravolta da história, quando Margaret resolve processar Keane, cena que acaba sendo um tanto desleixada, como se aquilo não fosse tão importante assim. Além disso, falta profundidade na história, que acaba muitas vezes sendo engolida por elementos que deveriam ter menos destaque que a trama em si, como a bela fotografia e até os cenários e toda ambientação de época. Tudo parece chamar mais a atenção do que a própria história - que é o que deveria ter mais destaque. Acaba sendo um filme legal, bonito, com uma história interessante, mas que não foi muito bem contada.