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    Alma Perdida
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Alma Perdida

    O FILME NÃO É UM ACHADO

    por Roberto Cunha

    Já tem gente que acha que as boas histórias acabaram. E que Hollywood só sabe mesmo (ou só quer) refazer o que já foi feito. Pode ser. Mas ainda existem idéias boas no cinema. O problema maior é o roteiro. Porque se ele não é bem feito, a história se perde.Alma Perdida, de certa forma, foi por esse caminho. A trama não chega a ser fraca. Tem alguns elementos que, se bem trabalhados, poderiam até gerar bons sustos e tensão, já que a proposta do gênero é essa. Mas misturaram tanta coisa no caldeirão como cabala, Auschwitz e um tal espírito do mal chamado Dybbuc, que o resultado foi um filme que dá medo. De tão ruinzinho que ficou. Importaram até Mengele e suas experiências com a raça ariana para justificar (?!) a cor azul cintilante dos olhos dos personagens do mal.

    A história começa com uma cena bonita: uma pessoa correndo numa estrada nevada e filmada do alto, algo assim "meio Google Earth". Corta para um plano normal e você vê Casey, Odette Yustman (CloverField – Monstro), que é a protagonista da história levar um susto inicial, envolvendo a visão de um garoto sinistro. É o fio da trama. Na seqüência, mais visões como a de sua mãe falecida (Carla Gugino), surgem para assustá-la. Casey passa a viver um pesadelo quando dorme e também acordada. Corajosa, acaba descobrindo através de seu pai que ela seria gêmea. O roteiro plantou um pai (James Remar) só para isso e depois some com ele, tendo em vista que o cara nem se preocupa com o que acontece com ela. Coitada. Era melhor ser órfã.

    O desafio de filmes de horror é não ser previsível. Cenas de espelhos estão tão manjadas como as luzes que insistem em apagar naquelas horas. Parece arranjo do "coisa ruim" com a distribuidora de energia local. E é estranho porque experiência não falta para o diretor e roteirista David S. Goyer, que tem em seu currículo bons filmes como Blade e o sucesso Batman – O Cavaleiro das Trevas. Alma Perdida até consegue um susto aqui e outro ali, mas nada que impressione de verdade. Destaque para a cena em que ela se vê deitada na cama e também para o corpo invertido se deslocando pela casa. Causa impacto e não é efeito especial. Foi feita por um contorcionista. A trilha sonora tem música do Prodigy e segue um padrão. As criaturas que aparecem durante o filme são feiosas, coisa e tal, mas definitivamente não é o feio que assusta.

    O envolvimento é o que apavora. Exemplos não faltam como Os Outros, O Sexto Sentido e uma produção barata como Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado. Assista e assuste-se. Tem história, roteiro, direção: a união que faz a força. No caso, o medo. Falando nisso, foi medonho ver Gary Oldman (Drácula de Bram Stoker) num triste papel de padre exorcista e tradutor relâmpago de livros místicos. Portanto, se não tiver melhor coisa para fazer, arrisque. Mas se existir outra opção, não hesite: vade retro!

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