Força de um elenco
por Lucas SalgadoUm filme sobre a relação entre Carl Jung e Sigmund Freud e o surgimento da psicanálise dirigido por David Cronenberg. Só essa premissa já é o suficiente para motivar o expectador e despertar uma grande expectativa, que felizmente é correspondida.
Um Método Perigoso é um longa interessantíssimo, conta com atuações memoráveis e uma ambientação digna de prêmios. Direção de arte, figurinos, cenários, tudo foi pensado detalhadamente, dando à produção um caráter de registro histórico muito impressionante.
Dentre os nomes do elenco, Keira Knightley é quem se sai pior. A atriz já demonstrou seu talento para o drama em obras como Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação, mas não consegue acompanhar a intensidade necessária para viver Sabina Spielrein, paciente que acaba se envolvendo com Jung. A relação entre os dois já havia sido abordada no fraco Jornada da Alma.
Parceiro de Cronenberg nos ótimos Marcas da Violência e Senhores do Crime, Viggo Mortensen interpreta Freud e o faz muito bem. Envelhecido e utilizando a tradicional barba do autor de "A Interpretação dos Sonhos", o ator entrega um excelente trabalho de voz e a todo o momento em cena desperta o interesse do expectador. Quem também está bem é Vincent Cassel como Otto Gross, mas sua participação tem menos destaque.
Mas é inegável que o grande destaque de A Dangerous Method (no original) é Michael Fassbender. O jovem Magneto de X-Men: Primeira Classe está na melhor fase de sua carreira e dá vida a um Jung repleto de dúvidas e ideais. Curiosamente, o longa deveria marcar seu reencontro com Christoph Waltz após Bastardos Inglórios, mas este recusou o papel de Freud para se dedicar a Água para Elefantes (mesmo).
Por incrível que possa parecer, o que mais decepciona em Um Método Perigoso é a direção convencional de Cronenberg, não lembrando em nenhum momento a ousadia de obras como A Mosca e Crash - Estranhos Prazeres. É sem dúvida o filme mais quadrado do cineasta.
A trama é baseada no livro "A Most Dangerous Method", de John Kerr, mas antes de chegar às telonas passou pelos palcos com a peça The Talking Cure. Vencedor do Oscar por Ligações Perigosas, o roteirista Christopher Hampton foi o responsável por escrever tanto a peça teatral quanto o filme.