Como outro colega já disse, "A Árvore da Vida" é para poucos. Mas, sem dúvida, é o melhor trabalho de Terrence Malick e um dos melhores filmes da história do cinema.
Quando digo que o filme não é para qualquer um não estou insinuando que foi feito para pessoas inteligentes ou cultas. É preciso ser sensível, ter a capacidade de mergulhar nas emoções e nas sensações que o filme provoca para se entender, ou melhor, para se perceber o filme. E ai está o problema: a maioria das pessoas está acostumada com roteiros que explicam tudo em seus diálogos, com início, meio e fim, de modo que nenhum mistério fica sem explicação.
O filme de Malick fala sobre a vida, mas de seu modo particular: pelo que se vê, e o que não se vê; pelo que se ouve, e o que não se ouve; pela emoção que se manifesta nas cenas e nos impactam; ou seja, por todos os meios a disposição de um filme, exceto pelos diálogos elucidativos. O filme não deve ser assistido com a razão, mas com o coração. Quem entrou no cimema buscando diálogos explicativos e uma história convencional certamente se decepcionou.
Malick, filósofo de formação, quiz realizar um tratado sobre a Vida, mas se quisesse usar argumentos e lógica para isso deveria ter escrito um livro... Conhecedor de todo o potencial de comunicação que o cinema tem, realizou seu tratado filosófico com cores, sons, silêncios, música, imagens e cenas. Se fosse músico, teria feito seu tratado através de uma bela sinfonia. Como é cineasta, realizou um lindo filme.
Em meio a todas as formas em que a Vida se manifesta em nosso planeta desde suas origens, a história de uma família que sofre com a morte de um filho é o fio condutor do filme. Mas esta não é a história do filme. O filme é sobre A Vida, esse fenômeno maravilhoso que na Terra levou ao desenvolvimento de seres que olham para si mesmos e para o Cosmos na busca de um sentido, e o descobrem, não na ciência ou na filosofia, mas na arte e na contemplação.