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    O Solista
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    O Solista

    DUPLA ATUAÇÃO

    por Roberto Cunha

    Que tal assistir um filme típico para o Oscar? Esta é a sensação que se tem ao sentar na sala escura e começar a mergulhar na história do jornalista Steve Lopez e Nathaniel Ayers, músico de rua da enorme Los Angeles. O Solista é baseado em fatos reais e conta com Robert Downey Jr. (Lopez) e Jamie Foxx (Ayers) no elenco.

    Embora o título seja alusivo ao músico, personagem principal da história, é interessante notar que o filme não garante exatamente esta exclusividade, permitindo que o personagem coadjuvante também possa brilhar e passar para o espectador o seu aprendizado de vida.

    No filme, Lopez é um colunista famoso do LA Times, que sempre gostou de fazer matérias diferentes e, de alguma forma, importantes para seus leitores e para si mesmo. Por um destes acasos da vida, seu ouvido captou na rua uma música quase uníssona vinda de um violino de duas cordas. Mas quem a tocava, fazia-o com tanta paixão que Lopez descobriu ali algo de especial. Após uma conversa com o músico, resolve investigar melhor seu passado e confirma que ele tinha sido aluno de uma conceituada escola de música, mas havia abandonado os estudos e a família devido a transtornos psíquicos.

    Assim, você descobre junto com o jornalista que o eterno apaixonado por Beethoven, passou de músico de grande potencial - ainda jovem - para alguém esquecido pelo amigos e desafinado pelo tempo porque sucumbiu a esquizofrenia, preferindo se esconder nas ruas e dentro de seus sonhos de um dia solar num grande concerto. Lopez tocou um rebu em sua vida para reverter aquele quadro. Passou a conviver mais tempo com a população de rua em um dos abrigos da cidade e fez de tudo para pressionar o músico a reencontrar seu passado, melhorar o presente e viver um novo futuro.

    Mas a história, porém, mostra que seu maior erro foi raciocionar com a mente de um homem dito normal para ajudar alguém que não se via normal, ouvia mais do que música em seus ouvidos e era constantemente atormentado pelas lembranças. Esta descoberta do personagem é um achado e, talvez, a mais importante da história: aceitar o outro.

    O Solista não é um filme fácil. É baseado em fatos reais, perde o ritmo em alguns momentos e por conta disto pode se tornar cansativo para alguns em seus 117 minutos de duração. Seu maior trunfo reside nas atuações coesas de Foxx e Downey Jr., cabendo a este último momentos de bonita emoção. Sem contar, claro, momentos musicais de extremo bom gosto.

    A produção contou com a participação de verdadeiros moradores de rua de Los Angeles e deixa claro que, na época, a cidade tinha mais de 90 mil sem teto, triste realidade de uma população suficiente para encher muitas cidades mundo afora. E acerta no fato de não carregar na eterna redenção deste ou daquele personagem e, especialmente, na total liberdade de não reservar um final - necessariamente feliz - transformado em pieguice.

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