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    Homem-Formiga
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Homem-Formiga

    Vale quando encolhe

    por Renato Hermsdorff

    Homem-Formiga é um dos personagens clássicos (embora menor) da Marvel, calcado no humor (ou, pelo menos, vendido como), com ligação direta com o universo dos Vingadores, cuja adaptação chega agora, em 2015, aos cinemas. Tem como dar errado? Não. Mas tampouco o filme surpreende. Vírgula. Chegamos (na verdade, Hollywood) a um nível tecnológico tão avançado – um aspecto essencial para dar conta de representar com veracidade o mundo reduzido do herói –, que as cenas de computação gráfica (e a ação decorrente) são um verdadeiro deleite. O roteiro, porém, é previsível e didático demais, mesmo em se tratando do início de uma possível franquia. 

    O filme começa em 1989, quando Dr. Hank Pym (Michael Douglas), o inventor da fórmula/ traje que permite o encolhimento de seres vivos, rompe com os chefões da empresa onde trabalha. Os diálogos e as atuações da cena de abertura são tão canastrões, que resultam até interessantes. A pergunta que fica é: será que o que vem por aí vai seguir a linha nonsense (e bem-sucedida, comercialmente, inclusive) de Guardiões da Galáxia? Segundo a vinheta da Marvel, que chega na sequência ao som de uma rumba, a resposta seria sim. Mas é não.

    Corta para “os dias atuais”. É o último dia na cadeia do vigarista Scott Lang (Paul Rudd), que, disposto a reconquistar o respeito da ex-mulher, Maggie (Judy Greer) e, principalmente, da filha, pretende abandonar o estilo fora da lei. Mas a vida aqui fora é injusta e, depois de despedido do emprego de caixa de uma loja de sorvetes, ele aceita praticar um último golpe, a fim de fazer um troco. O que ele não sabia era que tudo não passava de uma armadilha às avessas do Dr. Pym que, depois de anos observando o hábil ladrão, o escolhe para ser o personagem do título. E tudo isso por que? Basicamente porque ele precisa impedir que seu ex-pupilo, Darren Cross (Corey Stoll, ótimo), consiga replicar a fórmula do encolhimento e a use para fins não muito católicos.

    Sim, há humor. Mas os diálogos (e quase todas as piadas) soam tão calculados que, depois da ousadia (sim, ousadia) de Guardiões, a Marvel parece dar um passo atrás em uma aposta nova. O que não significa que o filme não seja divertido. É simplesmente inofensivo.

    O enredo, em si, é redondo, mas falta sutileza. A escalação dos atores é questionável. O destaque negativo fica por conta de Evangeline Lilly (que, depois de Lost, tem vaga cativa neste coração), como Hope, a filha do Dr. Hank. Não cai bem para a atriz de 35 anos (o que bate com a idade da personagem, se considerarmos os “dias atuais” como 2015) sofrer crises adolescentes – quase infantis – de ciúmes da relação do pai com o novo protegido. A surpresa (essa, sim, positiva) recai sobre o melhor amigo de Scott, Luis (Michael Peña), um (não tão) hábil contador de histórias. Paul Rudd, carismático como sempre, se sai melhor nas cenas de humor, em que parece ter saído de um filme de Judd Apatow.

    E sim, há uma ponte (sólida, de concreto, estruturada, uma highway com diversas pistas) com o mundo dos Avengers (uma dica: originalmente, são duas cenas pós-crédito), o que é um dos pontos altos da produção. Esse, aliás, e a tecnologia, que permite “enxergar” com uma riqueza de detalhes nunca antes vista no cinema a formiga, a gota d´água, o ácaro, o pólen, o átomo, os elétrons – e uma sensacional batalha sobre um trenzinho de criança de matar de inveja os realizadores de Querida, Encolhi as Crianças.

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