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    A Morte Te Dá Parabéns
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    A Morte Te Dá Parabéns

    Mais inteligente do que sugere

    por Renato Hermsdorff

    Educar dá trabalho. E os norte-americanos preferem "assustar" seus adolescentes usando a ferramenta do cinema a usar o diálogo, propriamente. Foi assim recentemente com Antes que Eu Vá (em que uma jovem vive repetidamente o mesmo dia, o fatídico dia de sua morte, trágica); é assim agora (pelo menos, a princípio) com A Morte Te Dá Parabéns, que repete a mesma estrutura - a do personagem preso em um mesmo dia, cuja referência imediata é a comédia "clássica" Feitiço do Tempo (1993), com Bill Murray.

    Aqui, a história é centrada na figura de Tree (Jessica Rothe, coadjuvante em La La Land, e uma boa surpresa), universitária egocêntrica, falsa com as amigas, que usa os meninos e não está nem aí para a família. Ou seja, Tree não é uma boa pessoa. E precisa de uma lição. No fim do dia de seu aniversário (daí o título do filme), ela é assassinada por uma pessoa que veste uma máscara bizarra. O mais bizarro, no entanto, é que ela "sobrevive", só que vivenciando o mesmo - e mortal - período de 24 horas. Nesse looping, ela tem a chance (várias, aliás) de descobrir a verdadeira identidade do assassino.

    Tanto na apresentação ("menina má precisa levar uns cascudos da vida"), quanto no início do desenvolvimento (ela acorda incrédula, depois desesperada, liga o fod@-se num terceiro momento, se conforma na sequência, e por aí vai...), o filme do diretor Christopher Landon (Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal) caminha por uma entediante sensação de déjà vu. A falta de originalidade no estereótipo da patricinha da irmandade que precisa aprender a tratar melhor as pessoas é uma premissa que faz o espectador desejar patentear a tecla fast forward para as salas de cinema. Afinal, você sabe onde essa história vai parar. Mas... sabe mesmo?

    Depois da introdução "batida", o roteiro assinado por Scott Lobdell (de X-Men, a animação) traz uma série de reviravoltas que joga o filme em outro registro. Diferente de uma tese social (e aí o crítico quebra a cara), mais do que apresentar uma nova tendência de fantasia para o próximo halloween (a nova máscara de Pânico), a proposta de Happy Death Day (no original) é a de entreter, pura e simplesmente. E não há nada de errado com o objetivo - que é cumprido. Muito pelo contrário, aliás.

    Cartas na mesa, o longa é uma produção que foge da sucessão óbvia de sustos reforçados pelo som, comuns ao subgênero do terror teen, para apostar em um enredo que pende mais para a linha de filmes de detetive. Com um toque de humor, A Morte Te Dá Parabéns resulta em um passatempo mais inteligente do que a própria produção anuncia.

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