No período entre 26 e 29 de agosto de 1968, os olhos do mundo estavam voltados para a cidade de Chicago (Illinois, EUA), onde se realizaria a Convenção Nacional Democrata que confirmaria os nomes do, então Vice-Presidente do país, Hubert H. Humphrey, e do Senador Edmund S. Muskie como os indicados para concorrer a eleição como Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, representando o Partido.
A convenção, naquele ano, foi realizada durante um ano bastante turbulento, tanto política, quanto socialmente, tendo em vista os recentes assassinatos de Martin Luther King e de Robert F. Kennedy, bem como a situação vivida no país devido à Guerra do Vietnã. Principalmente em decorrência do último acontecimento, vários protestos e tumultos aconteceram ao redor do local onde seria realizada a convenção. E isso será muito importante para o que veremos em "Os 7 de Chicago", filme dirigido e escrito por Aaron Sorkin, baseado em fatos reais ocorridos naquele período.
Como consequência dos atos políticos e sociais ocorridos durante a Convenção Nacional Democrata de 1968, o Departamento de Justiça dos EUA acusou de conspiração e incitação à revolta o grupo que ficou conhecido como "Os Oito de Chicago". São eles: Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Tom Hayden (Eddie Redmayne), David Dellinger (John Carroll Lynch), Rennie Davis (Alex Sharp), John Froines (Danny Flaherty), Jerry Rubin (Jeremy Strong), Lee Weiner (Noah Robbins) e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II). O filme se passa no decorrer dos mais de 180 dias de julgamento do grupo.
Interessante perceber que o diretor e roteirista Aaron Sorkin opta por, deliberadamente, não nos mostrar os atos que levaram à acusação do grupo (essas cenas só nos serão mostradas por meio de flashbacks durante depoimentos ocorridos no julgamento), uma vez que isso não importa. O importante é o que os levou ao banco dos réus: um julgamento político por eles terem se posicionado veementemente contra a Guerra do Vietnã, contra o número alto de soldados mortos, num conflito que ninguém sabe até hoje porque os EUA demoraram tanto para encontrar uma saída.
Por isso mesmo, "Os 7 de Chicago" se destaca por ter esse caráter documental e histórico, de retrato de uma história em que pessoas lutaram pela liberdade dos outros, pelo direito à livre manifestação e à justiça. Em tempos em que vemos a democracia ser constantemente ameaçada, histórias como as que este filme retrata são necessárias. Analisando os aspectos técnicos, "Os 7 de Chicago" tem a força habitual dos roteiros escritos por Aaron Sorkin e uma direção que ressalta o melhor de seu elenco - com destaque para as atuações de Frank Langella como o juiz Julius Hoffman e para Mark Rylance como o advogado de defesa William Kunstler. São estes personagens que representam os dois lados da balança que estavam em jogo neste julgamento.