UMA VISÃO "FEMINISTA" DO MUNDO
por Roberto CunhaA turma que não desgrudava os olhos da TV para assistir as aventuras e desventuras das quatro amigas inseparáveis pode comemorar. Sex and The City - O Filme honrou a trajetória do seriado de Darren Star, criador, entre outros, de seriados como "Melrose" e "Barrados no Baile", famosos aqui e no mundo inteiro.
Baseado no livro da escritora Candace Bushnell, o filme traz as intrigantes Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker, que também foi produtora), Charlotte York (Kristin Davis), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) e Samantha Jones (Kim Cattrall). Essa última, por sinal, responsável por momentos engraçados e picantes da série e também do filme, protagonizou na vida real alguns barracos por conta de ciúmes de Parker e por questões salariais. Tanto que o filme, que era para ter sido lançado logo depois que a série foi para o buraco em 2004, teve que ser adiado e só chegou nos cinemas em 2008.
Mas o melhor dessa adaptação é que você não precisa ter visto nada antes. Como ela tem 148 minutos de duração, você tem tempo para conhecer as características dos personagens, como a escritora apaixonada, a amiga pueril, a mandona e a ninfomaníaca. Portanto, se você estava preocupada(o) porque não tinha visto nada ainda, pode relaxar.
O filme foi escrito e dirigido por Michael Patrick King, roteirista de vários episódios da série e também de "Will & Grace". O roteiro fez um belo resumo da série que durou seis anos (na época, elas tinham entre 30 e 40 anos), se concentrando no "amadurecimento" pós-balzaquiano das quatro personagens, a amizade incontestável entre elas e suas respectivas vidas. Sempre com muito humor (agora elas estão na faixa dos 40 e 50 anos) a história revela uma workaholic com dificuldades para achar tempo para o sexo, a realização da maternidade, a descoberta da infelicidade por absoluto egoísmo e a busca eterna do príncipe encantado, no caso, protagonizada por Carrie em seu romance com Mr. Big (Chris Noth, de "Paixão de Aluguel").
O filme é divertido e pode agradar os não fãs. A curiosidade foi descobrir que uma das cenas mais comentadas foi um nu "quase" frontal de um ator (Gilles Marini) desconhecido do grande público, que ganhou o apelido - lá fora - de "Naked Guy". E faz sentido quando se leva em consideração que o filme trata do universo feminino, sua visão do mundo e, principalmente, dos homens. Numa sociedade machista, as mulheres ainda são retratadas como objeto e é mais comum vê-las peladas. Num mundo feminista, parece que as coisas mudam de figura e "o objeto" parece que também.
Sex and The City - O Filme pode ser um divisor de águas no cinema. Só o tempo dirá. Um detalhe que não dá para passar despercebido, mesmo não pertencendo ao mundo delas, é como as americanas se vestem mal. As roupas são horríveis. No closet de Carrie então... Nossa!! Ainda bem que o sucesso por aqui não influenciou na moda porque aí o estrago seria grande. Divirta-se!