THOR
Faltaram trovoadas.
Esperava pouco de THOR, o filme, mas esperava mais do que vi. Esperava pouco porque sempre achei um dos personagens mais difíceis da Marvel. Difícil de aceitar, difícil de escrever para ele, difícil de encaixar no universo Marvel e principalmente nos Vingadores.
Um Deus está entre os humanos combatendo crimes? Mesmo que seja o combate ao narcotráfico internacional ou o Terrorismo não fica parecendo usar espingarda de matar elefante para eliminar pombos? O que um Deus faz convivendo entre humanos como Tony Stark (Homem de Ferro) o Steve Rogers (Capitão América)? Mesmo assim, li coisas interessantes com o personagem nas velhas revistas da Marvel Comics. Momentos das décadas de 80 e 90.
A versão para o cinema manteve a fórmula de sucesso, de filmes extraordinários como o Demolidor (uma das melhores recriações de Super-Heróis de HQ para a tela grande), X-Men 2, e principalmente o Homem de Ferro. Aliás, será difícil supera-lo. Ou seja, escolher um elenco que atendesse a aparência dos personagens, apesar de seus traços terem mudado por 4 décadas, em detrimento de usar atores famosos e experientes. Respeitaram a necessidade de semelhança fisionômica e física e atualizaram os personagens. Tudo bom. Inseriram eles no “nosso mundo” tão diferente daquele em que foram criados (na sua maioria) nos anos 60. Como foi feito em Homem de Ferro com 100% de acerto e no Hulk com quase os mesmo 100% de erro. Homem de Ferro acerta aonde Hulk errou.
Chris Hemsworth é Thor. Não resta dúvida. E se esforçou ao máximo para isso. É claro que aproveitou a deixa para pegar umas mulheres. E mereceu. Realmente, graças a ele, o sucesso do filme está garantido junto ao público feminino.
Os personagens coadjuvantes estão bem escolhidos. Apesar de eu não ser exatamente um fã do personagem, sei escolher os que ficaram na memória dos fãs das décadas de 70 e 80, o auge do personagem. E lá estavam: Odin, Loki, Jane Foster, Sif (que ficou até em terceiro plano), Fandral, Hogun e Volstagg que chegaram a ter até aventuras independentes e até o Destruidor. Como Thor sofreu mudanças ainda no universo HQ, Donald Blake, o médico aleijado, alterego de Thor entre os homens foi suprimido. Ficando apenas como uma citação de nome de um ex-namorado de Jane Foster.
Os cenários, outro item de severa desconfiança inicial minha, foram executados com primor. Os trajes recriados com muita fidelidade ao universo de Thor daquela década, acompanhando a sobriedade exigida atualmente desses novos Super-heróis de quem já não se admite mais aquela “coisa” de usar roupa de banho colorida e berrante por cima de meias-calças colantes.
Foi até aí que o filme foi bem.
Então tropeçou feio. Roteiro, Interpretações e Direção de elenco. Esta é a santíssima trindade que diferencia dois filmes feitos com seriedade e competência. Para Produção e Produção Executiva, nota 10! Para Roteiro e Direção, nota ZERO!
O roteiro parece mesmo ter sido um desafio porque escalaram, de acordo com o informado na ficha técnica, nada menos do que 8 (oito) caras para repartir a culpa pelo fracasso. Tem Ashley Miller, Don Payne, J.Michael Strackzinsky, Jacob Kurtzberg, Larry Lieber, Mark Protosevich e até o gênio criador Stan Lee. Mas não deu.
O roteiro carece de densidade, de fazer sentir o drama de cada personagem, de expor suas personalidades, de nos fazer gostar deles. Thor Hemsworth é lindo; Jane é a excelente Natalie Portman que dispensa elogios, junto com Anthony Hopkins (Odin). Belo Odin! Mas é só e apenas isso. A transformação de personalidade de Thor que passa de um garoto mimado e temperamental em um Homem honrado e equilibrado e justifica o enredo do filme, não teve motivação suficiente para acontecer. Melhor teria sido que suas atitudes imaturas e impensadas provocassem a morte de Jane para que então, e só então, Thor se penitenciasse e se redimisse, transformando-se assim em um Deus mais equilibrado.
E finalmente a assinatura mortal que detonou o filme: A Direção de Keneth Branagh. O diretor que se auto-intitula o melhor intérprete e diretor Shakesperiano, manteve seu estilo de interpretações frias e de reações exageradas e irreais. Com isso Mr.Hemsworth que é um iniciante ficou indefinido. Não era humano e muito menos Deus. Mesmo Hopkins e Portman que conseguem normalmente manter a peteca sempre no ar, ficaram na dúvida do que exatamente estavam fazendo ali no filme. Natalie não conseguiu ser a namorada que todo Deus gostaria de ter e Anthony não conseguiu passar de um pai ausente e equivocado na criação que deu para seus dois filhos. E o roteiro deixou Loki completamente confuso. No início do filme, só faltei aplaudir suas atitudes. Mas ele era o vilão! E de repente, era! Quando foi que ele mudou? E, o mais difícil, por que mudou? Foi apenas porque descobriu que era filho adotivo? E pode ser. Mas será?
Enfim o filme deixa uma sensação de vazio na expectativa dos fãs e de vitória nos fãs dos outros Super-heróis. Dessa vez Thor não venceu Hulk, empatou (de novo!) e perdeu feio para o Homem de Ferro.
Agora só resta esperar que o Primeiro Vingador resgate a Marvel e Avante, Vingadores!