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    A Proposta
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    A Proposta

    Decente e em letras miúdas

    por Roberto Cunha

    Existem algumas fórmulas que dão certo no cinema e mesmo quando repetidas, o resultado é bom de se ver. Geralmente acontece quando o roteiro é bem amarrado, os protagonistas estão em sintonia e o elenco de coadjuvantes apóia de verdade. A Proposta é assim. Sem apelações e letras miúdas. A comédia romântica fez sucesso nos Estados Unidos porque trouxe de volta a ex-queridinha da América Sandra Bullock para o gênero que a consagrou, mas o filme tem mais para oferecer, até porque conta com Ryan Reynolds, em franca ascensão na carreira, e os dois mostraram muita cumplicidade, fazendo boas "escadas" um para o outro e na dose certa.

    Na história, Margaret (Bullock) é um carrasco em forma de executiva de uma editora e faz da vida de seus funcionários um inferno. Andrew (Reynolds) é seu assistente há anos e agüenta a "chibata" da workahollic porque sonha em ter um livro publicado. Mas a megera é canadense e a imigração joga pesado com ela, que para não perder o emprego, forja um relacionamento com seu subordinado durante um fim de semana para conhecê-lo e ser convincente diante do governo americano. Este é o ponto de partida que vai misturando ingredientes comuns como família, trabalho, passado, futuro e, claro, humor, convencendo com a história do amor que vai brotando aos poucos. E o mérito do filme é fazer bem esta transição de antagonistas para amantes, por mais ultrapassado que seja esse conflito de juntar opostos que se odeiam.

    A dupla possui a tal "química" em cena, mas curiosamente, deixa de lado a sensualidade. É difícil explicar o porquê, mas o beijo deles é técnico mesmo, e não rola nenhum furor por aquelas bocas, quer dizer, bandas. O interessante é comprovar que mesmo sem o famigerado sexy appeal, o resultado final não ficou comprometido, e os momentos de "convergência" entre os dois quando são obrigados a deitar na cama, se abraçar ou tirar um sarro são divertidos. Ela está convincente como uma executiva fresca, cheia de manias, alérgica a emoções humanas e alguém que tinha esquecido como era ter família. Apesar do rosto meio artificial, surpreende ao protagonizar duas cenas seminua com um "corpitcho" em forma. Balança ainda o esqueleto em seqüência surreal, dançando um funk latino (norte) americano. Legal foi ver a curtição que as mulheres do filme fazem com os seios (pequenos) de Margaret (Bullock) em tempos de silicone a granel. Ele está perfeito e o elenco conta ainda com Craig T. Nelson (pai), Mary Steenburgen (mãe) e ainda Malin Akerman como a ex namorada.

    Destaque para a vovó taradinha (Betty White) e para o ator Oscar Nuñez, como o impagável Ramone, um misto de dançarino, vendedor de loja e padre. Aliás, não saia antes dos créditos finais, que tem boas cenas com todo o elenco na entrevista com a imigração. Com uma animada música de abertura, trilha sonora coerente e belas imagens do Alaska, não vai ser difícil gostar do filme. Entre os detalhes, uma singela e curiosa homenagem quando Margaret cita Brian Dennehy (Acima de Qualquer Suspeita) como ator sensual. Repleto de situações previsíveis, o grande barato da produção foi suavizar esta previsibilidade com uma boa edição, timing dos atores e direção. Anne Fletcher (Vestida para Casar) pode ter pouca experiência na função, mas sua base como dançarina, atriz e coreógrafa parece ter sido suficiente para costurar a história e manter o ritmo. Com muito humor e pequenas doses de emoção, A Proposta é decente e sem cláusulas adicionais.

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