A primeira vez que eu vi “Os suspeitos”, filme de 1996 dirigido por Bryan Singer – não o filme lançado em 2013, com Hugh Jackman e Jake Gyllenhaall -, eu tinha em torno de 12 ou 13 anos e não sabia o que esperar do filme, lembro que foi uma grata surpresa, no entanto, com o passar dos anos eu fui me esquecendo da trama, mas me lembrava que havia gostado do filme, por isso resolvi revê-lo.
Inicialmente, eu queria relembrar a história e também descobrir qual seria o impacto depois de alguns anos e, para a minha alegria, ao ver o filme pela segunda eu adorei mais uma vez.
Toda a história gira em torno de um encontro, em uma noite e em um navio, que terminou com a morte de alguns criminosos e um deles, em particular, era caçado pelo oficial Dave Kujan, interpretado por Chazz Palminteri, e o sobrevivente deste encontro foi apenas uma pessoa, Verbal Kint, “deficiente físico” interpretado pelo incrível Kevin Spacey, e que pode ajudar Kujan a capturar o seu nêmesis pessoal.
Uma das coisas mais interessantes do filme é que ele pode ser separado em duas histórias, a primeira ocorre dentro da delegacia, com a investigação policial sobre o caso acontecendo, e a segunda acontece em paralelo, da perspectiva do personagem Kint, apresentando a sua versão dos fatos. O desenvolvimento de ambas as tramas são envolventes, fazendo com que você deseje descobrir, tanto quanto o oficial Kujan, o que aconteceu da fatídica noite do crime, o roteiro do filme não é perfeito, mas a forma como o quebra-cabeça vai se montando é maravilhoso, pois você se vê envolvido em toda aquela loucura para chegar a alguma conclusão.
A maneira como a narrativa é conduzida no interrogatório também é um destaque do filme, sem a velha fórmula good cop, bad cop – ainda mais porque o “policial bom” é dispensado logo no início – e com diálogos rápidos, agressivos, a interação entre os personagens é inteiramente baseada em ações, seja por descobertas da investigação que ocorre paralelamente ou por conta do que o protagonista de Spacey vai aflorando com informações.
O desenvolvimento da história através da perspectiva de um único personagem é o que conduz a trama de forma envolvente e isto é feito perfeitamente que não tem como desconfiarmos de que algo está errado, levando para um desfecho sublime.