Quando soube que um novo Homem-Aranha iria para as telas do cinema, minha reação foi animadora, pois de fato, gosto muito da trilogia construida por Tobey Maguire e Sam Raimi. Mesmo com um terceiro filme duvidoso, com suas centenas de erros de roteiro, Homem-Aranha é um filme definido e muito bem contado dentro da cabeça dos novos fãs (os que conheceram através dos filmes), e dos velhos fãs (os que conheceram através das HQs).
Para minha surpresa o possível quarto filme da franquia não pertencia mais ao mesmo diretor e não traria o mesmo elenco, a Sony Pictures estaria produzindo um reboot da série recém terminada, 10 anos depois do lançamento do primeiro filme.
Até hoje não entendo muito bem o porque fazer isso, já que faz tão pouco tempo que vimos o cabeça de teia nas telas. Muitos falam que é por causa do fracasso do terceiro filme entre o público, outros falam que é por causa da idade do protagonista que hoje (exatamente hoje 27 de Junho) completa 37 anos… mas enfim, imaginei que houvesse alguma coisa interessante que não foi contado na história original e que eles viram a necessidade de reiniciar para contar tudo novamente… sim, havia uma coisa não explicada, mas estava longe de ser interessante.
“A história nunca antes contada”, foi assim que os trailers nos vendia o novo Homem-Aranha, dirigido por Marc Webb, conhecido no Brasil por dirigir “500 Dias Com Ela”, entretanto já de cara nos mostrava que o filme nos contaria aquilo que nunca ninguém quis saber: a história dos pais do Peter Parker… Sério, eu nunca me perguntei sobre oque aconteceu com os pais dele, já que a Tia May no primeiro filme já nos conta que eles faleceram em um acidente. Pouco depois, pesquisando, descobrir que existe um arco de histórias nos quadrinhos onde essa premissa é explorada, entretando soube que não é a favorita dos fãs.
“O Espetacular Homem-Aranha” (The Amazing Spider-Man), não é um filme ruím. Peca em diversos aspectos, a começar por esse em querer explicar uma coisa que não precisa de explicação, e que não consegue levantar um enigma que faça o público se coçar na cadeira para querer saber a resposta. Pela proximidade entre os filmes, não tem como não querer comparar o andamento da trama do primeiro com esse, e a gente percebe que os atores do primeiro filme, em sua maioria, convencem bem mais que os dessa nova franquia. Apesar de seu aspecto extremamente emocional, que não é ruím, a direção não consegue fazer você sentir falta de um Tio Ben que foi vítima de um assaltante… aliás, parece até que nem o próprio sobrinho e esposa ligaram tanto para a perda do familiar.
Andrew Garfield para mim conseguiu quebrar a imagem que tínhamos de um primeiro Peter Parker. Ele deu uma nova vida ao personagem, conseguiu fazer com que ele fosse visto como “O Homem-Aranha”. Meio bobo, tímido, mas ao mesmo tempo confiante com seus novos poderes, o personagem tem chatos lápsos de lembranças do abandono dos pais na infância. Quando começa a caçada pelo assassino do tio mostra que está com um sentimento de vingança e que de início nunca pretendeu ser um “amigo da garotada” e sim um vingador que faz justiça com as próprias mãos.
O romance adolescente entre Parker e Gwen Stacy (Emma Stone) é muito bem explorado, apesar de tudo aparecer muito rápido dentro da trama do filme. Entre o momento Peter Parker bobão e Peter Parker herói desmascarado não consegui ter uma dimensão temporal entre os acontecimentos… foi tudo atropelado demais. Emma, é ótima atríz, principalmente quando está fazendo o papel de adolescente doida cheia de problemas. Contudo, nesse papel, ela fica mais omissa num primeiro instante, sendo mais uma espectadora entre o debate entre seu pai e seu amado. Só consegue um destaque maior no terceiro ato do filme, quando parte para a ação.
Outra trama novelesca dentro filme é o fato do herói ser responsável para criação do vilão e esse ter seu passado junto com o pai do herói… mais uma vez: descessessário! Tudo sendo construído num cenário de tragédia grega onde existe omissão de informações por parte de um, e um sentimento de culpa por parte de outro. Entendo a intensão de trabalhar mais a história e não fazer um mero filme de ação, só que foi um exagero dar tanto destaque e diálogos para que tudo consiga fazer um sentido dentro desse novo universo do herói.
Enfim, “O Espetacular Homem-Aranha” está longe de ser perfeito, mas está mais longe ainda de ser um filme ruim. Consegue dar duas horas de diversão e risadas dentro do cinema, só que não vá com tanta expectativa, pois tudo o que o filme tem de melhor em relação à cenas de ação, já foram apresentadas para o público nos trailers.