Crítica: Tubarão – Jaws (1975)
Por Caio Borges
Considerado o filme que alavancou a carreira de Steven Spielberg e um dos primeiros blockbusters da história do cinema, Tubarão (1975) é um clássico atemporal.
Quando a pacata ilha de Amity começa a sofrer ataques de um tubarão branco de quase 8 metros, o chefe da polícia, Brody (Roy Scheider), junto com o especialista em tubarões Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e o marinheiro Quint (Robert Shaw) vão ao alto-mar buscando eliminar a ameaça.
Repare que a sinopse apresentada foi simples. Pois é, o roteiro do filme, escrito por Carl Gottlieb e John Milius, não é sofisticado, recheado de reviravoltas ou temas a serem debatidos. A trama é basicamente sobre 3 homens que vão atrás de um tubarão, para matá-lo e devolver a paz à ilha de Amity. Talvez o único tema interessante abordado nos 124 minutos de obra seja o egoísmo humano, que ocorre logo no começo do filme, quando o prefeito da ilha impede Brody de alertar aos habitantes sobre a presença do tubarão (mesmo após uma mulher ter morrido), pois isso iria espantar os turistas.
Contudo, o fato do roteiro ser tão básico foi o que apresentou ao mundo a genialidade de Steven Spielberg. A maneira como o suspense é construído durante o filme é simplesmente fantástica. O truque de filmar as pessoas no mar de baixo para cima, e ir aproximando a imagem, ao mesmo tempo em que a incrível trilha composta por John Williams vai aumentando (simulando a visão do tubarão) é algo que deixa qualquer espectador tenso, e é esse clima que faz com que a obra seja possua um ritmo tão intenso.
O tubarão aparece pouco no filme, não só pelo fato do animal mecânico (muito bem feito por sinal) ter quebrado durante as gravações, mas também para ajudar a construir todo o clima de suspense da obra, uma ótima decisão de Spielberg. O espectador não consegue vê-lo, e isso causa uma sensação de ansiedade que prende qualquer um que estiver de frente as telas.
Dentro da obra é difícil notar algum toque pessoal do diretor, relacionado a sua história de vida, o que geralmente é evidente em seus outros trabalhos.
É curioso também como o fato de um filme de 1975, com um animal feito sem computação gráfica, consegue ser melhor que a maioria dos filmes de tubarão modernos, em que a preocupação é nitidamente em esbanjar efeitos especiais, e com isso tira o principal aspecto de um filme com esse tema, que é o suspense.
Por fim, Tubarão é um filme único, que deu início a uma onda de filmes sobre tubarões, que faz sucesso com o público até nos dias de hoje. Recomendado para qualquer pessoa que goste de cinema e de filmes com tubarões.