Crítica: Ele Não Está Tão A Fim de Você
Comédia romântica com elenco estrelado é boa exceção à regra do lugar comum.
Baseado no livro de Greg Behrendt e Liz Tuccilo (Ele Simplesmente Não Está Afim de Você), que por sua vez, foi inspirado em um episódio do seriado Sex and the City, ‘Ele Não Está Tão A Fim de Você’ conta histórias de várias pessoas baseadas em situações amorosas que, faz, fez ou que um dia fará parte da vida de qualquer ser apaixonado.
Há aqui uma rede de amizades formada por pessoas nos mais diferentes estágios de suas vidas: a menina (Ginnifer Goodwin) que quer desesperadamente um namorado, o cara (Kevin Connolly) que não quis ser o namorado dela porque é apaixonado por uma sexy professora de yoga (Scarlett Johansson), que só o usa para encher seu ego e o descarta ao conhecer um bonitão (Bradley Cooper) no supermercado, que é casado com uma mulher (Jennifer Connelly) que trabalha na mesma agência que aquela menina que queria um namorado e uma outra (Jennifer Aniston) que já tem um namorado (Ben Affleck) há 7 anos e agora quer se casar, enquanto ele acha o casamento uma convenção da sociedade. Tem ainda o cara (Justin Long) que vai ajudar a menina que queria um namorado e a amiga da professora de yoga (Drew Barrymore).
O bom elenco não apaga o brilho do roteiro, mas é impossível não deixar de prestar a atenção num cast dificilmente reunido. Scarlett Johansson tem bastante destaque no longa e ela por si só já se destaca, sua persogem é doce e carismática mas ao mesmo tempo possui caráter duvidoso, mas no final, suas atitudes são compreensíveis. Drew Barrymore fez o que já havia feito antes em vários filmes, mas sua presença é sempre indispensável, seu sorriso enche a tela, mas infelizmente o longa não exige muito dela que aparece pouco. Jennifer Aniston anda surpreendendo bastante em seus novos filmes, ela volta a se destacar, sua Beth é uma daquelas personagens que torcemos bastante para que seu final seja feliz. O Elenco masculino é normal, nada de surpresas, temos a volta de Ben Affleck na frente das camêras, Kevin Connolly e Bradley Cooper, são simpáticos e bons atores, mas não chamam tanto a atenção. O destaque dentre os homens, fica para Justin Long, com a personagem masculina de maior destaque, ele segura as pontas, tem presença e carisma suficiente para um quase protagonista.
Todos estão ótimos, mas palmas para Jennifer Connelly, que voltou com grande estilo em uma boa projeção Hollywoodiana. Janine sem dúvidas é a personagem mais interessante, com um lado psicológico mais profundo que as demais. É uma esposa, e tem dificuldades em ser a mulher, não faz sexo com o marido e não sabe o satisfazer como homem. Mas suas atitudes são surpreendentes, a sua reação diante das situações que a envolvem nesse pequeno período, marca algum dos melhores momentos do longa. Outro destaque fica com Ginnifer Goodwin, uma excelente atriz que já fez parte de alguns filmes como Johnny e June e O Sorriso de Monalisa, mas nunca teve sua atuação valorizada; Ela é divertida, carismática, simpática e meiga, constrói uma personagem que é difícil não se envolver, ela praticamente é a protagonista e mesmo com um nome e um rosto desconhecido no meio de tantas beldades, ela consegue brilhar.
Em diversos momentos do filme, surgem depoimentos de pessoas e seus problemas sentimentais, o que demonstra mais ainda a intenção da obra em causar identificação com seu público, dessa vez, não só feminino, mas com o masculino também, uma vez que mostra um depoimento masculino no qual um rapaz também busca explicações para a atitude de uma moça por quem ele se interessou.
E além dos flertes e relacionamentos ocasionais, o filme fala do papel da tecnologia nos namoros atuais (uma mulher se questiona: “eu não sei para que inventaram o identificador de chamadas. Eu gostava de poder ligar 15 vezes para um cara até ele atender, sem ser considerada uma psicopata. O que eu não sou. Obviamente”). E há ainda uma discussão ótima sobre o eterno dilema da modernidade: casar ou não casar, eis a questão.
A trilha sonora é bacana e ajuda em alguns momentos do filme; do rock de R.E.M ao romantismo de James Morrison. E uma ponta de Somewhere only we know do Keane, que aparece mais uma vez na trilha sonora de um filme, mas até isso o filme trabalha bem, a música parece ser diferente e é fundamental, pois aparece numa das melhores cenas do filme.
Não é um filme revolucionário que vai mudar a história do cinema, mas merece ser visto e ser reconhecido pelos tantos pontos positivos que o filme carrega. Assista, nem que seja pelo elenco, mas assista. Não é uma comédia romântica fútil ou banal, é inteligente e tem seu propósito. Além do fato, do filme não ser totalmente previsível, nunca sabemos ao certo o que irá acontecer com cada pessoa, nem sempre acontece aquilo que imaginamos. Resumindo, vale a pena.