Mesmo na casa dos 70 Martin Scorsese não teve pudor algum em mostrar a depravação e imoralidade da maneira mais visceral possível, aliando técnica a atuação, criando um ótimo filme de comedia que contempla uma bibliografia que destrincha a arrogância, ganancia e ambição da maneira mais improvável possível, através do escracho , sem tempo para reflexão e lição de moral, apenas um mar de sexo, drogas e dinheiro que se entrelaçam a natureza humana fazendo de “O lobo De Wall Street” um ótimo filme. Um roteiro bem trabalhado e que desenvolve bem apenas dois personagens, apesar das 3 horas de duração do filme, tudo é corrido, pontos cruciais da historia as vezes são diminuídos para dar importância a coisas bobas, mas que desenvolvem o personagem, desenvolvimento de personagem e desenvolvimento de historia não andam juntos aqui. Contemplem a inacreditável historia de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), um corretor da bolsa de Wall Street que após perder seu emprego por culpa de uma grande depressão econômica na bolsa, o mesmo começa a vender ações duvidosas e flaudar a bolsa, ganhando milhões por hora, e gastando milhões por minuto, enquanto foge do FBI e outros órgãos governamentais. Jordan Belfort sempre quis ser rico, alias, quem nunca quis? Ambição e ganancia nem sempre são coisas ruins, muito pelo contrario, elas criam um sentimento, um objetivo na vida de cada um, o problema é que talvez Jordan estava disposto a ir um pouquinho mais, e não soube quando parar, o filme flerta com esses momentos, mas de maneira bem superficial, sempre deixando claro que com um pouquinho menos de escrúpulos, só um porquinho, seriamos também um “Merdinha Louco Por dinheiro” com Jordan, tal sentimento não é condenável mesmo sendo errado, pois é algo completamente intriseco ao ser humano, a onde tiver uma oportunidade, mesmo que ilegal, sempre terá alguém a querendo, e no filme, quando essa possibilidade é mostrada, aparece centenas de corretores as portas de Jordan querendo um chance, mesmo sabendo que era errado. O longa de Martin tem uma montagem espetacular, fora manter o ritmo do filme de 3 horas parecerem 20 minutos, ela faz parte da narrativa do filme, e influenciou muitos filmes do genero que vieram depois, como “A Grande Aposta”, também temos uma fotografia com paletas de cores que brilham de tão claras, um uso completamente imersivo da câmera, sempre no tripé, e sempre centrada, até com alguns planos sequencias e quadros abertos, Martin deixa o telespectador vidrado no filme, apenas usando a câmera, e também temos que citar a maravilhosa trilha sonora, que vai de Rock a Jazz, sempre mantendo um alto padrão e pautando as cenas, algo característico de Martin. Leonardo Di Caprio faz uma, senão á, melhor atuação de sua carreira, completamente entregue ao papel, ele se perde dentro do personagem e dá tons que vão deste a comedia ao drama, Jonah Hill também está ótimo, e serve como alivio comico de maneira espetacular, e dá tons ao filme, Matthew McConaughey rouba a cena nos 5 minutos que aparece, inclusive do próprio Leonardo. Por fim, “O Lobo De Wall Street” é um ótimo filme que pode ser visto e interpretado por diferentes ângulos, e mesmo assim, é um filme absurdamente divertido e imersivo.