O ser humano e seus comportamentos durante toda a sua vida, crescemos com inúmeras vontades e para a maioria, uma delas é se apaixonar, construir uma família e ser feliz para sempre, como todo fã de um conto de fadas. Quando se apaixona, só é visto aquilo que é atraente na outra pessoa e metade das vontades que tinhas, desaparece ou ficam em silêncio, e o tal conto, já não passa a ser tão mágico. Então, movido pelo novas vontades e até parte delas compartilhadas (ou não haveria um relacionamento), uma família surge, com direto a filhos e tudo! Neste momento, o conto deixa de existir para se tornar realidade. As diferenças entre um e outro já não são ignoradas e sim exaltadas, pois aquilo que não incomodava, já não mais se acatava. O que um dia era aceitável, hoje não mais tolerável. Brigas ao invés de conversas, verdades desnecessárias são postas na mesa ao invés daquelas mentirinhas gostosas de se ouvir, tapas não tão gostosos podem surgir e o reino fantasioso começa a ruir. Vontades reprimidas começam a querer serem consumidas. E toda essa bagunça emocional somada com outros problemas, mexe com a cabeça de qualquer pessoa sã, deixa se de ter razão, para se envolver com emoção e justo em um momento em que elas devem coexistir. Traições, vícios (que nem sabíamos que tínhamos), mentiras, sentimentos confusos, tudo isso acontece em um piscar de olhos. Existe o amor quando concordado e o ódio quando contrariado. O problema, em minha opinião, é que bloqueamos aquela pessoa que um dia amamos, mas ela está lá, basta você abrir novamente seus olhos, mas como não sou psicólogo.....Toda essa derrota da fábula contra a vida como ela é, pode trazer uma doença muito grave, a depressão e se você não acredita nela, meu caro, sou mais um para dizer que é tão mortal quanto um câncer pode ser. Neste belo filme dramático (eu escrevi dramático!) do diretor Sam Mendes (ele que dirigiu BELEZA AMERICANA em 1999) nos mostra uma narrativa deste mundo romântico cruel e realístico. Ambientado nos anos 50, o enredo é sobre tentações, dúvidas, provações e o medo de trocar o certo pelo incerto. No meio de tudo isso, apresenta o casal protagonista, os Wheeler que para os vizinhos são o exemplo de vida a ser seguida como marido e mulher. Toda essa ficção versus a verdade é um dos chamativos. A trilha sonora também me chamou a atenção, seguindo bem o contexto da história. Palmas para a equipe Direção de Arte e Figurino, nota dez! Toda essa obra é uma adaptação de livro norte-americano Revolutionary Road (mesmo título em inglês), escrito por Richard Yates em 1961, e não sei se é fiel, mas arrisco em dizer que muito bem adaptado cinematograficamente, que nos faz perguntar quantas pessoas não gostariam de trocar o marasmo e a infelicidade eterna por uma aventura? Por que deixar de viver, de procurar a felicidade? Nem se percebe o tempo passar ao ver esta película..... E o elenco, aaaaah, o elenco! Muito bem selecionado e com ótimas atuações e temos novamente o par amoroso de TITANIC (1997), Leonardo DiCaprio (mais uma vez impecável e parece que toma formol, pois continua com a mesma cara) e Kate Winslet (mais um motivo para explicar o porquê sempre concorre ao Oscar e o tempo só fez bem para a beleza desta mulher) e não é difícil imaginar que esta poderia ser a vida de Jack Dawson (DiCaprio) e Rose DeWitt Bukater (Winslet) caso ambos tivessem sobrevivido ao acidente do navio, só que desta vez, o momento fatídico não seria o de Jack...