Chegando aos cinemas como um dos filmes mais polêmicos do ano pela sua má recepção — antes de sua estreia — por parte do pública fã da franquia original, Caça-Fantasmas, dessa vez protagonizado por mulheres, prova que não é apenas um filme politicamente-correto, como afirmavam ser.
O filme conta a história de Abby Yates (Melissa McCarthy), Erin Gilbert (Kristen Wiig) e Jillian Holtzmann (Kate McKinnon), que após serem demitidas de seus respectivos empregos se empenham em investigar o sobrenatural. Kevin — interpretado por Chris Hemsworth — e Patty Tolan (Leslie Jones) acompanham o grupo numa investigação acerca de acontecimentos estranhos em Nova York, formando assim as Caça-Fantasmas.
O filme fora muito criticado pelos fãs do longa original por apresentar aspecto do movimento feminismo — o filme chega até a gozar dessas críticas através de diálogos. O aspecto está sim presente no filme e é abordado de maneira gritante. Todos os personagens homens presentes nos filmes são inúteis e burros. Isso é mais gritante na personagem de Hemsworth, Kevin, que chega ser mais burro que uma porta.
Por outro lado, o filme de 1984 apresentava os aspectos de sua época: o grupo principal formado por homens, e a única personagem feminina de importância servindo apenas como interesse romântico e donzela em perigo. Sendo assim, não se pode culpar os escassos aspectos do movimento feminista do longa de 2016: ele apenas reflete um dos principais comportamentos de sua época. O filme é, na verdade, apenas uma inversão de valores.
De parte técnica, o filme tem bons efeitos especiais e a fotografia comum e nada surpreendente de blockbusters. Talvez o maior erro do filme sejam os cortes de cena, quando se passa uma para outra. Acontece de maneira rápida, como se o cara responsável por tal função não tivesse se preocupado tanto. Alguns diálogos até tropeçam no próprios pés e chegam a ser ridículos; piadas também parecem fora de timing: você tem que processar um pouco até finalmente entender que aquilo, na realidade, fora uma piada.
O fan-service está aqui, e infelizmente em medida exagerada. O longa tropeça em momentos importantes apenas para honrar o seu antecessor, chegando a quebrar o clima de algumas cenas. As Caça-Fantasmas visitam o prédio de seus antecessores. Bill Murray faz o papel de um cientista em duas aparições — uma delas inclusive um pouco deslocada do filme. Sigourney Weaver faz rápida participação durante os créditos. Dan Aykroyd aparece como um taxista no meio da confusão do terceiro ato. Ernie Hudson representa o tio da personagem de Leslie Jones. Annie Potts aparece como secretária de um hotel. O monstro verde e comilão volta a aprontar suas encrencas — dessa vez contando com uma companheira —, e até o monstro de Marshmallow, que aterroriza Nova York no filme de 84, faz um pequeno cameo.
Os fãs do longa original já podem calar a boca: o novo reboot honra os seus antecessores e prova ser um blockbuster divertido e convincente. Chega quase à altura do primeiro, lhe superando apenas em alguns aspectos. A relação das quatro membros do grupo está mais forte e mais trabalhada. Patty, a personagem negra do longa, tem sua devida atenção e mais diálogos que o personagem negro dos longas originais. Por outro lado, em contra partida, a personagem fora estereotipada ao máximo dentro de sua etnia. Vê-se personalidade independente em cada membro e não há como amá-los tanto quando os seus antecessores.
O veredito aqui é claro: Caça-Fantasmas cumpre com o prometido. O pouco sexismo presente talvez incomode o público masculino, por ser algo que não é usado de maneira comum. O roteiro segue a linha de raciocínio do filme de 1984, e a diferença mesmo só é a troca de papéis. Por outro lado, se não fosse para mudar, era melhor ter continuado no original mesmo. O longa honra de forma séria o seu antecessor, sendo uma mistura de novo com o velho, e é uma diversão garantida.
Nota: 7,5/10