Sempre se privando de histrionismos ou megalomanias (pelo menos em seus melhores trabalhos), Gus Van Sant continua recriado e estudando toda a intenção do 'ser jovem' no século XXI. Aqui, o foco é em mostrar um sincero recorte de uma geração, ainda em formação, com suas incoerências, covardias e tédios. Um filme cheio de espaços vazios que busca entender como um acontecimento banal transforma - ou não - a vida de um jovem. Paranoid Park, então, sempre mantém seu olhar para o retrato de uma juventude, sem floreios ou estereótipos, que ainda não sabe o que quer e tem medo de dar passos longos. Com uma montagem inconstante, porém muito bem feita, a história de Alex deixa claro que ele é apenas um individuo que começa a vida agora, passível de erros, e ainda com tempo para cometê-los. As câmeras de Van Sant nunca fazem nenhum tipo de julgamento: aqui, preza-se principalmente a imparcialidade, e pra isso, claro que o cineasta iria usar e abusar de dilatação temporal, ou seja, cenas no filme que vão acontecendo dentro do mesmo período de tempo de quem assiste. Apesar de ser com uma frequência bem menor do que no grande filme de sua carreira, Elefante, não deixa de bater na tecla da representação de como a vida é, por si só.