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    Harry Potter e o Enigma do Príncipe
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Harry Potter e o Enigma do Príncipe

    A ALQUIMIA CONTINUA

    por Roberto Cunha

    Escrever sobre filmes que têm uma legião de fãs (alguns xiitas) prontos para atacar qualquer comentário negativo é uma tarefa hercúlea. Porém, mesmo não sendo um herói dos quadrinhos ou dos livros, e sim, um mero apaixonado por cinema, seguem algumas linhas sobre a nova aventura do bruxinho mais famoso do cinema. Harry Potter e o Enigma do Príncipe já começa pontuando os dois elementos que estarão presentes na trama até o fim: uma cena de bom impacto visual e o fato de que Potter cresceu, e isso fica claro no primeiro diálogo onde ele mesmo se chama de idiota durante uma paquera, veja você, para cima da atendente de uma lanchonete.

    Potter (Daniel Radcliffe) foi recrutado por Dumbledore para ajudá-lo a lutar contra as forças das trevas e decifrar o mistério por trás dos recentes desaparecimentos de pessoas. Este retorno para Hogwarts, claro, significa encontrar toda a turma que faz parte do universo de J.K. Rowling, em especial, Hermione (Emma Watson), Rony (Rupert Grint), Severo Snape (Alan Rickman), Draco Malfoy (Tom Felton), e outros. Aliás, o momento que antecede este reencontro, na casa de Rony, lembrou muito o seriado Os Waltons (1971-1981), com todos falando de algum ponto da casa. Mas isso é coisa para quem passou dos 40. (risos) O importante é que se você não entendeu nada porque não acompanha a série de filmes ou não leu os livros, ainda assim dá para assistir este título. Embora sofra da recente síndrome dos "longas longos" (mais de duas horas) e possa dar sono em um determinado momento que perdeu o ritmo, a produção foi bem executada e sustenta o climão de suspense por toda a trama.

    Potter aprende com Dumbledore que a magia forte das trevas está presente na alma de todos (perdoem-me os fãs, mas lembra o "lado negro da Força") e durante uma aula de poções, ele entra em contato com a história do misterioso príncipe. Descobre poderosos feitiços e mais adiante, descobrirá que sua missão será destruir a magia secreta, que dividiu a alma de Voldermort em sete partes (o Horcrux), e assim vencê-lo para sempre. Essa é a história do filme que já deixa uma conexão para o próximo. Entre os destaques, é interessante ver o crescimento de todos, as transformações, as meninas azarando Potter, ele interessado na irmã de Rony, Gina, a pegação entre os alunos nos corredores escuros de Hogwarts, algo impensável no passado. E o maior sinal de que os tempos são outros é ouvir Dumbledore dizer para Potter que ele precisa se barbear. Entre os momentos engraçados, Rony sob efeito de uma poção do amor rende boas risadas. É dele também o divertido diálogo sobre o interesse dos outros em Gina sem entender bem o que é esse negócio de "pele" que tanto falam. E diante da novidade em forma de namorada, não entende porque ela só quer beijar. Mas aprende um novo significado para a palavra "química", dissociada de fórmulas e poções.

    Com bons efeitos especiais como as fotos que se mexem e a divertida loja de magias, a nova aventura da turma tem seqüências interessantes e boas doses de humor puro, permeando as angústias e paixões da adolescência. Como acontece com Hermione, que ao sentir ciúmes de Rony destila seu sentimento e tem raiva porque, afinal, ser jovem é conhecer as dores do amor. Dá para entender o fascínio dos pequenos que leram e cresceram junto com a saga de Harry Potter. Contudo, não deixa de ser curioso saber que, em pleno século 21, o herói em questão usa uma varinha de condão, profere palavras em latim e o máximo de sangue que se vê é em um nariz quebrado. Mas acceptans actum, cum omnibus suis qualitatibus acceptare videtur. E possíveis defeitos também.

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