Nunca fomos tão longe...
Foi o que a personagem de Anne Hathaway, Dr Brand, disse em um determinado momento do filme, e eu tenho que concordar. Cinematograficamente, Nolan nunca havia ido tão longe.
Há exatamente um ano, eu me deparei com um pequeno teaser. No tal vídeo, víamos Matthew Mcconaughey dirigindo uma pick-up, com lágrimas nos olhos, falando sobre o pioneirismo do homem. Algumas imagens de um milharal, e um foguete subindo aos céus sendo observado por uma criança. No começo do vídeo lemos apenas: "De Christopher Nolan" e no final em letras simples o nome do filme: "Interestelar". Na época eu sabia que este seria o melhor filme de 2014. Cheguei a postar no fecebook que já tinham me convencido com "Christopher Nolan". Não preciso nem dizer que Nolan é o meu diretor favorito, e, assistir a este filme foi algo pessoal, como se estivesse assistindo algo meu, ou de meu irmão. Por isso não terei nenhuma crítica, o filme é, por falta de uma palavra melhor, perfeito.
Um ano depois, vários outros trailers, o dia finalmente chegou. Fui ao cinema com minhas expectativas no espaço (trocadilho infame), e elas foram atendidas.
O filme começa em um futuro desconhecido, que pode ser daqui a cinquenta anos ou daqui a cento e cinquenta anos, isso não importa. O que importa é que o mundo está morrendo. O ser humano já não consegue mais produzir toda a comida que sua população demanda, na verdade, um dos únicos vegetais que ainda não foi extinto pelas pragas é o milho. A profissão da geração é de fazendeiro, "o mundo não precisa mais de engenheiros".
Cooper, representado magnificamente por Matthew Mcconaughey, vive um ex-piloto/engenheiro, que deve se adaptar a esta nova realidade. Pai de dois filhos, deve pensar na sobrevivência deles. Na primeira parte do filme somos apresentados a este mundo e a esta família, para entendermos a dinâmica, principalmente da relação pai e filha. Muitos reclamam da duração do filme, de quase três horas, mas fica evidente que esta primeira parte é essencial para o público se conectar com os personagens. Resultando em um "reencontro" emocionante na metade do filme.
A única forma de salvar a raça humana é fugindo do planeta. Descobrimos então, junto com Cooper, o plano desta viagem interestelar para encontrar um planeta habitável para o homem. É quando entramos nesta odisséia no espaço (não, não assisti 2001 - Uma Odisséia no Espaço e não sei se as comparações são válidas). O filme fica um pouco mais tenso, e visualmente deslumbrante, tudo aquilo que o espectador quer ver, principalmente depois de Gravidade.
O próprio Nolan diz que Interestelar é um filme sobre o amor disfarçado de ficção científica. De fato a história é muito bem contada e lida com temas universais como o abandono, o medo, a sensação de impotência e, é claro, o amor. Visto que Cooper tem que deixar sua família para trás e sair nesta viagem com passagem só de ida.
A trilha sonora é intrigante e muito bem apropriada. Hans Zimmer faz um trabalho impressionante com este filme. A fotografia é maravilhosa, e mostra um universo palpável e acreditável. O roteiro é seguro também, embasado em teorias reais, nos faz acreditar que aquilo que está sendo mostrado poderia acontecer por mais irreal ou surreal que pareça ser. Aconselho a quem for assistir, que o faça de mente aberta, afinal, no cinema tudo é possível.
O elenco está fantástico, algumas figurinhas repetidas (o que não é nem um pouco ruim), Michael Cain e Anne Hathaway trazem performances deslumbrantes, Matthew Mcconaghey assume o protagonismo da história, Mackenzie Foy não se intimida pela grandeza do filme, mas a melhor atuação, para mim, é a da sempre boa Jessica Chastain.
Com pequenas, mas importantes, reviravoltas, Interestelar consegue realizar minha profecia e vira o melhor filme de 2014, e o melhor filme que assisti no cinema desde A Origem. Mas minha opinião está longe de ser parcial, visto que ambos são produções de Nolan. De qualquer forma vale a pena assistir. Independente de sua preferência, Interestelar irá te fazer pensar, afinal, não é isso que nos faz humanos?