A abertura do filme é uma apresentação dos paleolíticos membros do conjunto Renato e seus bluecaps na cidade de Rocha, interior de Pernambuco. O estabelecimento de quinta categoria abrigava bêbados, vagabundos, prostitutas e desocupados, em geral. Lázaro (Paulo Cesar Pereio) se engraça com uma índia e a leva para o hotel. O irmão da moça não gostou nada do que viu, seguiu o casal até o hotel, houve um bate-boca e Lázaro foi alvejado com um tiro no tórax e morreu. O funeral de Lázaro será o pano de fundo onde toda a trama irá se apoiar. A mãe do finado, que mais parecia uma matriarca daquelas que são características de filmes envolvendo a máfia italiana, referenda que não haverá enterro se Jonas (Guilherme Weber), filho de Lázaro, que havia sido tirado da cidade de Rocha pela mãe (Renata Sorrah) quando contava com 5 anos de idade, não comparecesse. Jonas é o homem do tempo, aqueles que povoam todos os canais de televisão, cercado de sóis e nuvens. Três amigos de Jonas, Falcão (Gustavo Falcão), Bob (Selton Mello, com um abdomen volumoso, nunca visto) e Vera (Mariana Lima. Esse trio de amizades parece ter sido retirado do filme "HAIR", de Milos Forman. Maconheiros urbanos que tem como pretexto a morte do pai do amigo para "invadirem" o sertão nordestino e desfrutarem de aventuras movidas à canabis e álcool numa terra "atrasada". Por seu lado, Jonas conhece Soledad (Giulia Gam), uma socióloga que viajava colhendo depoimentos dos moradores dos grotos mais distantes do nordeste sobre suas vidas e, principalmente, sobre histórias sobre a origem da água e sua escassez na região. Após o enterro de Lázaro, a avó de Jonas o designa para vingar a morte do pai. Simultaneamente os seus amigos que supostamente deveriam estar o acompanhando nestes momentos difíceis descobrem uma plantação de maconha, o paraíso terrestre na visão deles, porém, são pegos com a mão na butija, digo na marijuana, e tomam umas pauladas, além de ficarem sem nada nos seus bolsos. Já Soledad consegue chegar ao homem conhecido por meu velho (José Celso Martinez), que tem uma visão mística sobre a origem e o desaparecimento da água naquelas bandas. Outro personagem importante é Zé (José Dumont, excelente como de costume), um índio, mecânico de carros. Aliás, as terras de Rocha pertenceram aos índios no passado. Índios que foram devidamente dilapidados de todos os seus bens e que agora caminham como figuras mal aculturadas sem eira nem beira. Enfim, Lírio Ferreira nos mostra uma terra seca, carregada de situações e personagens férteis, onde gente faminta e beata convive com justiceiros, plantadores de maconha para abastecer a juventude urbana. Se de um lado temos aqueles que prevêem o tempo, na cidade de Rocha (assim como boa parte do nordeste brasileiro) são os "visionários", os "místicos" que fazem a previsão para a população famélica. Não existem santos guerreiros, tampouco dragões do mal.