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Bruno Campos
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5,0
Enviada em 24 de fevereiro de 2018
Extremamente sensível retrato da infância de um casal de irmãos, durante o processo de inversão da visão política de seus pais. A diretora Julie Gavras (filha do grande Costa-Gavras, possivelmente o maior diretor de filmes políticos realizados até hoje) provavelmente vivenciou algo dos dramas da menina protagonista, perdida entre as perspectivas antigas e atuais de seus pais, além das de sua avó e da empregada da casa. Destaque para a cena em q os “barbas” (apelido dos amigos comunistas de seus pais) transmitem um ideal não capitalista à menina, através de uma proposta de escambo.
Após a morte de um tio comunista, os pais da pequena Ana (Nina Kervel-Bey, em atuação precisa), tentam resgatar suas convicções ideológicas, ao retornar de uma viagem ao remoto Chile de Alliende, levando a sua família francesa a mudanças de casa e de estilo de vida. Tais mudanças e as conseqüentes perturbações do cotidiano da família, quando analisadas sob o ponto de vista de uma menininha de 9 anos, se tornam muito reveladoras. Os filmes que lançam mão desta forma de expressão tomam emprestado ao espectador o olhar da criança, como que lhe fornecessem um daqueles óculos de Groucho Marx, pelo qual espreitamos um mundo mais descomplicado, mais palpável, destituído das grandes construções filosóficas nas quais nós adultos nos encastelamos e de onde vislumbramos, desconcertados, o olhar de espanto de uma criança que nos estende a mão e nos convida a jogar uma bola ou soltar uma pipa.
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