"O LOBO", de Miguel Courtois, pode ser encontrado na videolocadora de sua preferência. O grupo separatista basco ETA (Pátria basca e liberdade), fundado em 1959, cujo objetivo central é a separação da Espanha, é o tema central deste thriller político. A ação se passa na década de 70, no auge da ditadura franquista. José Maria Loygorri (Eduardo Noriega) é um empreiteiro basco que vez por outra dá uma mãozinha para o ETA. Numa das operações da polícia franquista, Jose Maria é preso e foi considerado o nome ideal para funcionar como agente infiltrado no ETA. Desta forma, o governo poderia prevenir atentados como o que matou o ministro Carrero Blanco, em Madri. A desestruturação da organização basca era outro objetivo a ser alcançado pelos franquistas. Ambos os lados, o terrorista e o franquista, também tinham pessoas mais interessada em dialogar do que guerrear (Txino, um policial que ajudou o agente que foi denominado Lobo, apesar das ordens expressas para agir de forma contrária; Asier (Jorge Sanz), uma das "cabeças" do ETA que tinha como ambição tornar a organização um partido político, e por isso acabou sendo assassinado). Graças à delação de Lobo mais de 120 ativistas do ETA forma presos. O povo basco até hoje o vê como o maior traidor de todos os tempos. Por questões de segurança, Lobo teve de sofrer uma cirurgia plástica para transformar o seu rosto, além de se mudar para o México, após "dedurar" a lista de nomes a que fizemos alusão acima. Como o roteiro do filme foi baseado no relato do próprio Lobo, fica uma grande nuvem de suspeita no ar. Até que ponto um mero construtor poderia, num prazo de 6 meses, ter recebido um treinamento tão eficaz que o tornaria o rei da dissimulação, enrolando tanto os franquistas quanto os membros do ETA. Seria ele portador de uma personalidade tão benévola quanto à demonstrada no filme? De toda forma, é um importante destemunho histórico para que as novas gerações entrem em contato com o país basco e suas lutas e a SECED, a polícia secreta franquista e seu modus operandi.