The Crow trata-se de uma graphic novel escrita por James O'Barr em 1989 motivado devido a uma tragédia pessoal. na trama acompanhamos a trágica e sombria história de Eric Draven, que após ser brutalmente assassinado junto de sua namorada por membros de uma violenta gangue do centro da cidade. O mesmo misteriosamente sai de sua sepultura no aniversário da sua morte, decidindo se vingar à todo custo dos homens que tiraram a sua vida Eric começa a vestir roupa de couro/látex e pintar a cara como se fosse um rockstar de uma banda punk dos anos 80-90, "assumindo" o manto de O Corvo, referenciando justamente ao seu animal místico aliado. Uma premissa simples porém eficiente, basicamente se você tirar todo o elemento sobrenatural da história ela vira o enredo de um filme do Tarantino. Brincadeiras a parte, eu realmente considero hq como boa, ela apresenta uma narrativa bastante lugar comum, mas toda a sua estranheza e excentricidade nunca deixam de me prender, e isso sem contar nas linda arte Alex Maleev, e no uso excessivo de sua estética gótica e fetichista, o personagem de Eric Draven por se só, é um puro fetiche.
Obviamente com o sucesso cult que a hq ganhou por volta da época, era de se esperar uma adaptação cinematográfica. Aí chegamos ao filme de 1994 produzido pela Miramax/Dimension Films, que por incrível que pareça consegue ser um bom filme dentro do possível, O filme é considerado por muitos como sendo amaldiçoado, justamente por ter sido marcado pelo trágico acontecimento envolvendo a morte do ator Brandon Lee, que faleceu durante um acidente de set de filmagem, deixando esta como a sua última aparição em tela, ele morreu aos 28 anos. Com toda essa áurea por volta do projeto, eu acabo me sentido muito desconfortável em ter que criticar o longa. Mas tirando o meu da reta, julgo que o filme analisado de forma independente é bastante funcional, porém acaba sendo meio falho quando tende à ser uma legítima adaptação da hq, que como já estabeleci está bem longe de ser uma grande obra-prima, mas o seu trabalho é bem melhor executado em minha opinião, à história apesar de simples era direto ao ponto e conseguia ser bastante redonda. Já aqui, por mais que o desenrola da narrativa seja o mesmo, o filme se apresenta de forma bem mais quadrada, em especial na forma que ele decide expandir a história do original. Pois se na hq na história é 100% focada na figura de seu protagonista, a direção aqui parece acreditar que só está personagem não é o suficiente para sustentar uma trama, expandindo muito mais o papel de certos coadjuvantes, se por um lado alguns destas outras personagens funcionam ao ter o seu papel aumentado na história, que ao meu ver é o caso da garota e do polícial que acompanham Eric, por outro se torna bem redundante em certos outros, o caso dos antagonistas, que são muito caricatos e unidimensionais.
E aí vem a pergunta, como se sai a nossa personagem principal? O que eu acredito ser de longe o maior destaque do filme, pois Brandon Lee é simplesmente fantástico, ele tem toda a presença que a personagem precisa, muitas das falas que poderiam ser ridículas no papel, ele consegue te fazer acreditar naquilo, a sua performance é tão excêntrica, sexual e gótica quanto o Eric Draven da hq, ao mesmo tempo que ele te apresenta um personagem bem mais simpatisavel que a sua contraparte, que ao meu ver acabava passando muito um certo complexo narcisista, pois uma coisa que o James O'Barr parece não perceber quando escreveu sua história, foi que ao investir demais da violência gráfica, ele deixava o seu protagonista um personagem bizarramente psicótico; já aqui eu seja um personagem mais humano, eu realmente comprei todo o sei drama, lógico tudo muito mais devido à performance do interprete do que necessariamente de qualquer coisa no roteiro. The Crow é uma adaptação imperfeita e singular de uma hq imperfeita e singular, pode ter sua inerente cota de falhas, porém com toda certeza honra seja lá qual for o legado de um gibi cult e fuleiro dos anos 80.
Que Brandon Lee possa descansar em paz.