O ano é 1989 e a onda de crimes aumentou consideravelmente em Nova York. O que você deverá fazer, se as propagandas políticas e o pedido de paz não funciona mais? Pegue um dos maiores ícones americanos dos últimos tempos, coloque-o numa situação totalmente politizada e com o pano de fundo genérico e aí você terá uma das maiores decepções cinematográficas do ano de 1989: Os Caça Fantasmas II.
Cinco anos se passaram desde que os Caça-Fantasmas — Dr. Peter Venkhman (Bill Murray), Dr. Raymon Stantz (Dan Aykroyd) e Dr. Egon Spengler (Harold Ramis) — venceram Gozer e lhe impediram de destruir Nova York. Agora ultrapassados, os cientistas são considerados charlatões e ninguém mais acredita em seus trabalhos. Tudo muda quando os quatro amigos percebem que o humor dos ianques anda muito acirrado, e pesquisando sobre, os Caça-Fantasmas acabam descobrindo que uma gosma que ronda pela cidade é a causa de tal temperamento e que ela é mais ameaçadora do que aparenta ser.
A pergunta que paira no ar é: como a Sony autorizara que um roteiro tão fraco — que na verdade é uma reciclagem do primeiro — escrito por Harold Ramis e Dan Aykroyd, que estrelam o filme, se tornasse real? O longa não passa de uma propaganda política de algumas horas e que em nenhum ponto passa perto de interessante.
E se tratando da palavra interessante, o vilão dessa vez, uma gosma generalizada, também passa longe desse quesito e não consegue ser nada ameaçador. O filme de 1989 chega a declarar descaradamente que não passa de uma mensagem para os nova iorquinos se comportarem melhor: quando os Caça-Fantasmas não conseguem mais penetrar o museu por conta da gosma, eles veem que a única solução é impregnar o ar com uma atmosfera feliz. Então, como se não bastasse, o personagem de Ernie Hudson, Winston Zeddemore, aponta para o símbolo da estátua da liberdade na placa do carro dos Caça-Fantasmas e proclama: "Eu sei do que precisamos! De um símbolo, uma motivação!"
O roteiro é completamente reciclado do primeiro, seguindo a mesma linha de raciocínio, e acrescentando uma má execução e alguns furos de roteiro: é de conhecimento público que cinco anos atrás os Caça-Fantasmas salvaram a cidade de um marshmallow gigante, então como diabos atualmente eles podem ser considerados uma fraude?
O filme de Ivan Reitman até pode contar com aspectos positivos, mas eles são bastante escassos. A dinâmica dos personagens principais continua lá — exceto Winston, que desde o primeiro sempre foi descartável a trama e nem sequer entrou no poster oficial — e talvez esse seja o ponto alto de toda a produção. Fora isso, tudo continua o mesmo, só que pior: a amiga dos Caça-Fantasmas, Dana Barrett (Sigourney Weaver) sendo paquerada pelo personagem de Bill Murray e ameaçada por uma força sobrenatural e servindo apenas como donzela em perigo e a equipe de cientistas tentando salvá-la.
Além de tudo isso, o segundo filme da duologia puxa mais para o científico, saindo totalmente do sobrenatural, que era a proposta do primeiro filme.
Como atores, o elenco desempenha o mesmo trabalho que haviam feito no filme anterior e não acrescentam absolutamente nada de inovador.
A trilha sonora já conhecida se torna o ponto alto mais gritante e talvez seja uma das únicas vantagens do filme.
Sendo uma reciclagem completa do primeiro e uma mensagem aos americanos para viverem um dia melhor, Caça-Fantasmas II passa de longe a ser considerado um filme bom e tem uma proposta completamente ridícula. Antes pegassem o Superman e o colocassem numa propaganda qualquer do que levar esse roteiro politizado para as telonas e assim manchar a franquia dos Caça-Fantasmas.
Nota: 5.7/10