As primeiras empreguetes: Após 46 anos, novela com Ana Maria Braga e Bruna Lombardi está de volta – apesar do fracasso que amargou
Ana Pilato
Fanática por filmes e séries, Ana possui um acervo de informações aleatórias sobre cultura pop e gosta de encarar câmeras imaginárias como se estivesse em Fleabag ou The Office.

Folhetim com empregadas domésticas foi exibido pela Globo entre 1977 e 1978.

>

Muito antes de Cheias de Charme, o Brasil já havia conhecido um outro grupo de "empreguetes". Também exibida pela TV Globo, a novela Sem Lenço, Sem Documento era centrada na história de mulheres que trabalhavam como empregadas domésticas.

O folhetim de Mário Prata tinha como protagonistas as atrizes Ilva Niño, Isabel Ribeiro, Arlete Salles e Ana Maria Braga – mas, calma: não é a Ana Maria que você está pensando! Nesse caso, estamos falando da irmã mais nova de Sônia Braga e mãe de Alice Braga, e não da apresentadora do programa Mais Você.

Na trama, acompanhamos Rosário (Ana Maria), que deixa Olinda, sua cidade natal em Pernambuco, em busca de uma vida melhor no Rio de Janeiro, após seu pretendente espalhar alguns rumores sobre ela.

Em solo carioca, a moça encontra suas três irmãs Cotinha (Ilva), Das Graças (Isabel) e Dorzinha (Arlete), que trabalham como empregadas domésticas. Seguindo os passos das irmãs mais velhas, Rosário também começa a trabalhar na casa de Carla (Bruna Lombardi) e Berta (Ana Helena Berenger).

Nesse meio tempo, porém, ela acaba reencontrando o pretendente de Olinda, Zé Luís (Ricardo Blat), por quem ainda é perdidamente apaixonada.

Empreguetes "originais" não tiveram tanto sucesso

Ao contrário do sucesso moderno Cheias de Charme, Sem Lenço, Sem Documento não caiu nas graças do público. Na verdade, o folhetim ficou bem abaixo do esperado em questão de audiência, especialmente por suceder Locomotivas, que tinha se saído tão bem com os telespectadores e com a crítica.

Como resultado, a novela foi encerrada antes da hora, totalizando apenas 149 capítulos. Mário Prata até chegou a revelar, ao jornal O Estado de São Paulo, que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – chefão da emissora na época – lhe prometeu "o que quisesse" se ele conseguisse aumentar a audiência de 65 para 75 pontos. O autor, então, decidiu fazer com que Carla levasse um tiro, e o Ibope subiu 15 pontos.

Há mais de 10 anos, esta novela destronou Avenida Brasil – mas acabou entrando para a lista dos grandes fracassos da Globo

Anos depois, em entrevista, o ator Ney Latorraca (que interpretou Marco na trama) descreveria a produção como "Sem Lenço, Sem Documento e sem Ibope”, conforme descrito pelo Na Telinha, do UOL.

Quarenta e seis anos após o seu encerramento, a novela – que originalmente seria chamada de Carteira Assinada, mas teve o título vetado pela Censura – entrou para o catálogo do Globoplay no dia 16 de setembro.

Com seis capítulos disponíveis, o folhetim chegou como parte do Projeto Fragmentos, iniciado no começo do ano pela plataforma de streaming com o objetivo de recuperar novelas das décadas de 1970 e 1980.

facebook Tweet
Links relacionados