"Foi um terror": Esta atriz e musa dos anos 80 diz que foi boicotada por Manoel Carlos – que queria outra atriz em seu lugar!
Luiz Eugênio de Castro
-Redator
Um jornalista apaixonado por novelas e TV desde muito pequenininho. Fã de carteirinha de realities e vilãs icônicas!

Em Sol de Verão, o público amou a artista e sua personagem...

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Na década de 1980, Ísis de Oliveira ostentava o título de "musa" e brilhou em grandes sucessos da TV Globo, como Plumas e Paetês (1980) Fera Radical (1988) e Que Rei Sou Eu? (1989). Porém, foi na novela Sol de Verão (1982), de Manoel Carlos, que a artista revelou ter se sentido diminuída. Segundo a ex-global, Maneco teria tentado boicotá-la!

Anos depois, Ísis enfrentou outra situação delicada: foi demitida de Meu Bem, Meu Mal (1990) no meio da trama. Mas antes de chegarmos a esse episódio, vamos entender o "climão" entre ela e o rei do Leblon e das Helenas...

Isis teria sido boicotada por Manoel Carlos

Em Sol de Verão, sua terceira novela, Ísis de Oliveira interpretou Beatriz Soares, uma aeromoça de voos internacionais. A personagem rapidamente conquistou o público com seu carisma, mas parece que não teve o mesmo efeito sobre o autor Manoel Carlos.

Em entrevista ao perfil Noveleiros Real no Instagram, a veterana afirmou que ele não queria que ela interpretasse o papel de jeito algum – as preferências de Maneco eram Bruna Lombardi ou Maitê Proença. No entanto, a decisão final coube aos diretores Roberto Talma e Boni, que confiaram no talento de Ísis e a escolheram para dar vida à personagem!

Vale destacar que a ex-modelo começou sua trajetória na TV em programas humorísticos, chegando a atuar ao lado de Jô Soares! Talvez por isso o novelista não a enxergasse com a seriedade necessária – algo que ainda ocorre com muitos humoristas brasileiros. Diante disso, Manoel Carlos teria tentado boicotá-la no próprio texto.

"Foi um terror, porque eu já estava gravando. O Manoel parou de escrever para mim", revelou Oliveira. Contudo, o apoio do público foi essencial para que Beatriz continuasse crescendo na trama. "Nas poucas aparições que eu tinha, o povo começou a ligar para o serviço de atendimento ao telespectador. Eu era a personagem que mais recebia telefonemas", alegou.

Ísis contou que criou tendências de moda na ocasião, com os espectadores curiosos sobre suas peças marcantes. "Eles queriam saber o collant que eu estava usando, batom [...] Pressão, pressão, pressão. Pronto. A personagem cresceu", avaliou ela na live que aconteceu em 2020.

Qual era o enredo de Sol de Verão?

Sol de Verão contava a história de Rachel (Irene Ravache), uma mulher infeliz no casamento que decide se separar do empresário Virgílio (Cécil Thiré) para buscar a própria felicidade. Ela deixa Petrópolis e se muda para a casa de sua mãe, Laura (Beatriz Segall), em Ipanema. Na nova cidade, redescobre o amor com Heitor (Jardel Filho), um mecânico boêmio que nunca havia vivido um compromisso sério.

O maior drama, no entanto, aconteceu na vida real. Na reta final da obra, o protagonista Jardel Filho teve um ataque cardíaco em casa e faleceu, o que forçou a antecipação do desfecho dos personagens em dois meses.

Profundamente abalado pela perda de seu amigo íntimo, Manoel Carlos não conseguiu continuar escrevendo os capítulos, deixando o texto inacabado. A conclusão da obra ficou a cargo de Lauro César Muniz e Gianfranceso Guarnieri.

"Eu sempre gostei de trabalhar me divertindo, sempre procurava esse lado. A gente se divertia muito, mas infelizmente aconteceu a morte do Jardel Filho, e a novela foi interrompida", relembrou Isis, com o semblante visivelmente emocionado.

Polêmica em Meu Bem, Meu Mal

Após Sol de Verão, Isis de Oliveira continuou brilhando em mais produções da TV Globo, como Champagne (1983), Roque Santeiro (1985), Que Rei Sou Eu? (1989) e Meu Bem, Meu Mal (1990), sua última novela na emissora carioca. Na época, a intérprete da socialite Mimi Toledo foi demitida sob a acusação de faltar às gravações. Eita!

Não foi Roque Santeiro? Para o ex-chefão da Globo, a novela com a maior audiência da história é outra obra-prima

Cassiano Gabus Mendes, autor do folhetim, teria até alfinetado a artista no roteiro! Após a saída de Isis, Toledo - marido de Mimi, interpretado por Sérgio Viotti - declarou em uma das cenas: "Dona Mimi não existe mais. Ela foi demitida". "Nunca tinha ouvido falar em uma esposa demitida", reagiu Doca (Cássio Gabus Mendes). "Digamos que foi demitida por excesso de faltas ao trabalho", explicou o antigo par romântico de Oliveira.

No ano seguinte, o jornal O Dia expôs a versão de Ísis sobre o caso: "Ela recorda que tudo ia bem até que, faltando 15 dias para o Natal, pediu autorização a Ubiratan [diretor da novela] para passar as festas de fim de ano em Lisboa. Ísis viajou com o compromisso de telefonar em 26 de dezembro. Neste dia, ela lembra que ouviu a seguinte frase da produtora: 'Bonitinha, você não está roteirizada. Está tudo organizado. Você tem gravação a partir de 2 de janeiro'".

"Ísis voltou ao Brasil no dia 30, e em 2 de janeiro, compareceu ao estúdio para gravar. Mas notou 'um clima' diferente. Assim, tentou falar novamente com Paulo Ubiratan para esclarecer a história que já estava sendo explorada pelos jornais. E recebeu um recado do produtor substituto que o diretor 'não queria falar com a moça', evitando dizer o nome da atriz", concluiu a reportagem, reproduzida pelo Notícias da TV.

Desde então, ela nunca mais participou de qualquer outra novela da emissora carioca. "O que o ator mais quer é estar trabalhando. A gente luta para estar trabalhando. Eu já estou há um tempo afastada. As pessoas acham que é uma opção minha, e não é. Muito pelo contrário, eu quero trabalhar", admitiu ela ainda na live do Instagram, quando estava prestes a completar 70 anos. Confira a live completa:

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