A mentira sobre Wicked que todos acreditamos. Dois detalhes denunciam o excelente musical de Cynthia Erivo e Ariana Grande
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

Na verdade, não é uma prequela do clássico O Mágico de Oz. Nem uma sequência.

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Um dos grandes fenômenos cinematográficos do momento é Wicked, adaptação do famoso musical da Broadway que já soa forte até mesmo para o próximo Oscar. No entanto, o que nos interessa agora é algo que todos estão dando como certo sobre o excelente filme estrelado por Cynthia Erivo e Ariana Grande, mas que na verdade não é verdade: Wicked não é realmente uma prequela do filme O Mágico de Oz. E também não é uma sequência.

Considerando a história que Wicked conta, é normal que muitos tenham assumido algo que a Universal também não teve necessidade de promover. Afinal, há personagens que aparecerão depois em O Mágico de Oz e se passa no mesmo universo. Bem, quase, já que há dois detalhes que denunciam completamente que não é o caso. O primeiro é mais sutil, mas o segundo é inegável.

O verde da discórdia

Como muitos se lembrarão, a MGM produziu O Mágico de Oz em 1939, então esse filme ainda está protegido por direitos autorais nos Estados Unidos, algo que não acontece com o romance original escrito por L. Frank Baum em 1900. A questão é que o longa-metragem dirigido por Victor Fleming introduziu várias mudanças em relação ao livro, e é aí que está o cerne da questão.

Isso leva a que essas mudanças ainda estejam protegidas por direitos autorais, o que já obrigou, em seu momento, que o subestimado Oz, Mágico e Poderoso enfrentasse alguns dilemas, entre eles que não se podia usar o mesmo tom de verde para o personagem interpretado por Mila Kunis que o usado no caso de Margaret Hamilton em 1939. De fato, no set do filme de Sam Raimi, havia até um especialista em direitos autorais para garantir que, entre outras coisas, fosse suficientemente diferente.

A questão é que não se pode aplicar direitos autorais sobre a cor verde - porque além disso há muitas outras bruxas verdes na história da cultura popular - daí esse pequeno vazio ao qual se agarrar, mas se alguém prestar muita atenção, a diferença está lá. E é que o personagem não tinha a pele verde no livro de Baum, sendo essa a origem dos problemas. No caso de Cynthia Erivo e Wicked, aconteceu exatamente o mesmo.

Esses sapatos tão brilhantes

O outro detalhe chave no caso de Wicked está nos sapatos, mais especificamente nos sapatos de rubi que a personagem de Judy Garland usava em O Mágico de Oz. Novamente, essa foi uma mudança em relação ao livro de Baum, onde Dorothy usava sapatos de prata. Essa modificação se deveu ao fato de o estúdio acreditar que ficariam mais bonitos na tela com o uso do technicolor.

Isso leva a que também ainda esteja protegido por direitos autorais, o que não impede necessariamente seu uso. Por exemplo, a Disney pagou o que foi necessário para poder usá-los em O Mundo Fantástico de Oz, o filme estrelado por Fairuza Balk em 1985. No caso da Universal e Wicked, seguiu-se um caminho diferente: foram usados sapatos de prata, assim como no original literário.

No final, tudo se resume ao fato de que a origem real de Wicked está em um livro escrito por Gregory Maguire em 1995, que oferecia uma visão alternativa e revisionista do universo criado por L. Frank Baum. Inspirado no mesmo? Sem dúvida, mas sem uma relação oficialmente reconhecida. De fato, há várias outras mudanças, mas essas duas são mais fáceis de detectar.

Tudo isso não impede que Wicked seja um ótimo filme - certamente não sou o único ansioso para poder ver Wicked: Parte 2 - mas sua conexão com o clássico de 1939 não é de forma alguma direta, por mais que seja mais simples chegar a essa conclusão.

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