"E depois a geração mimada são os jovens de 20 anos": Um historiador defende uma das maiores polêmicas de Gladiador 2
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

Sequência dirigida por Ridley Scott levou mais de 20 anos para chegar as salas de cinema.

Se Ridley Scott quer colocar um rinoceronte no meio dos gladiadores da Roma antiga, quem somos nós para dizer que não? Nós, certamente, ninguém, mas Pedro Huertas, guia do Museu Cartagena Porto de Culturas e autor de Roma Não se Fez em um Dia, está mais do que preparado para apontar ao diretor todos os erros históricos que ele cometeu em Gladiador 2. Este mês, ele deu sua opinião sobre o filme no programa da RTVE Play Mañana más e não mediu palavras: "não me emociona em nada".

É como se este senhor quisesse colocar sabres de luz nos gladiadores, embora bem, ele pegou um rinoceronte que não é o pior do filme. De fato, é uma das melhores coisas.

Huertas não está nada satisfeito com o resultado final da sequência de Gladiador. "Por onde começar? O filme que não emocionou o historiador. Em termos históricos, é uma viagem tremenda porque é um filme de ficção". No entanto, ele defende o cineasta em uma de suas maiores polêmicas.

As críticas à cor da pele de Macrinus

Entre todas as mudanças feitas por Scott, há uma que incomodou a população anti-"woke" - aqueles que rejeitam as tentativas de inclusão das grandes empresas, especialmente em filmes e séries - e é que Denzel Washington, ator negro, dá vida a Macrinus. "Você reclama disso e não reclama que Geta e Caracalla parecem vampiros de Crepúsculo quando seu pai era da Líbia e sua mãe da Síria?", declara Huertas.

Macrinus, que realmente existiu, tem origem numídia, do norte da África, então não é o mais absurdo do filme do diretor. "Eles reclamam quando colocam uma coisa, reclamam quando colocam outra e depois a geração mimada são os jovens de 20 anos", aponta o divulgador.

Detalhes como o Coliseu cheio de água para abrigar batalhas espetaculares têm sua origem na história, mas Scott se permitiu exagerá-lo ao máximo, como o gênio do blockbuster que é. "Em termos históricos, o que se fazia era pegar um espaço, esvaziá-lo um pouco e canalizá-lo do rio ou do mar para colocar água e criar a naumaquia ali. Não era fazer uma atividade dentro do anfiteatro, isso talvez tenha sido feito duas ou três vezes, acredito que na época de Domiciano, quando o Coliseu já estava pronto", conta o especialista.

Além dos tubarões, da cor da pele de Macrinus ou do rinoceronte em questão, Ridley Scott cometeu grandes erros em termos de datas, o figurino também não é preciso e a idade dos personagens não chega a concordar. Alguns até deveriam ter morrido, como é o caso de Lucilla (Connie Nielsen). Da mesma forma, Caracalla (Fred Hechinger) tem certas semelhanças com o Calígula do filme de 1979: "É como um Calígula decadente. De fato, enquanto Calígula nomeia um cavalo como cônsul, o melhor amigo de Caracalla é um macaco", observa o especialista.

Erros históricos à parte, Huertas acredita que o filme é muito longo. "Sobram meia hora de duração, eu acho, e conversava sobre isso com meus colegas. São duas horas e meia de duração. Preparem-se quando forem, comprem muita comida, muita água ou bebida ou o que quiserem", garante o historiador a partir de sua posição como "usuário" de cinema.

*Conteúdo Global do AdoroCinema

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