Na esteira das críticas a Megalopolis, Francis Ford Coppola critica o Rotten Tomatoes por tentar “controlar o cinema”: “Eles querem que os filmes sejam como a Coca Cola”
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

Após o fracasso de Megalopolis, o lendário cineasta defende o risco criativo e critica os agregadores.

46% de críticas positivas dos críticos e 35% do público. Esses são os números que Megalópolis, a mais recente produção caótica de Francis Ford Coppola, obteve até agora no Rotten Tomatoes, que continua a conquistar sua reputação como um dos sites mais criticados e controversos relacionados ao mundo do cinema e da televisão.

Números vs. arte

Como era de se esperar, o lendário cineasta por trás de joias como Apocalypse Now e a saga O Poderoso Chefão não ficou muito feliz ao ver esses números ruins criando uma ideia geral sobre o que provavelmente era seu projeto mais aguardado. É por isso que, em uma entrevista ao CinePOP, ele atacou não apenas o site de tomates, mas também os agregadores de classificação online em geral.

Para fazer isso, o cineasta traçou uma linha estranha, mas não menos lógica, entre o cinema e o esporte para, ao mesmo tempo, ocultar um discurso sobre uma suposta manipulação por parte de uma indústria preocupada demais com o dinheiro.

“Bem, o Rotten Tomatoes, o CineScore e todos esses sistemas de pontuação são uma forma de tentar controlar o cinema, que é arte e não deve ser controlado, tratando-o como um esporte. Em outras palavras, todos sabemos que, nos esportes, as equipes jogam, algumas ganham, outras perdem, e é assim que se controla se os fãs vão ou não. E como a indústria cinematográfica moderna quer controlar como as pessoas vão ao cinema porque não querem perder dinheiro, não querem riscos, mas a verdadeira arte tem riscos".

Deixando de lado o fato de que, se a indústria quisesse controlar o público para ganhar dinheiro, ela classificaria todos os filmes com pontuações infladas em agregadores, não vamos tirar o ponto de Coppola quando ele afirma que a arte - ou qualquer coisa que esteja fora da fórmula matemática criada por algoritmos - é sinônimo de risco para os senhores das pastas e gravatas. Um risco que, por outro lado, é extremamente necessário para oferecer experiências que são difíceis de esquecer, sejam elas melhores ou piores.

“Eu sempre disse que fazer arte sem risco é como ter filhos sem sexo. Não é possível. Você tem que se lançar no desconhecido, porque é aí que você mostra que é livre, algo que o filme também explica. E isso é análogo ao sistema moderno que está em vigor hoje. Portanto, a indústria cinematográfica não quer riscos. Eles querem que os filmes sejam como a Coca-Cola ou algo do gênero”.

Megalopolis, uma produção orçada em cerca de 120 milhões de dólares - a maior parte dos quais saiu do bolso de Coppola - faturou apenas 13,6 milhões de dólares na bilheteria mundial, tornando-se um dos maiores fracassos cinematográficos dos últimos anos.

*Conteúdo Global do AdoroCinema

Fique por dentro das novidades dos filmes e séries e receba oportunidades exclusivas. Ouça OdeioCinema no Spotify ou em sua plataforma de áudio favorita, participe do nosso Canal no WhatsApp e seja um Adorer de Carteirinha!

facebook Tweet
Links relacionados