“É repugnante”: Paul Mescal se alinha a Martin Scorsese e lamenta o uso da palavra “conteúdo” para se referir a um filme
Eduardo Silva
-Redator
Jornalista que ama filmes sobre distopias e animes de battle royale. Está sempre assistindo alguma sitcom e poderia passar horas falando sobre Yu Yu Hakusho e Jogos Vorazes.

O protagonista de Gladiador 2 é claro: “Não é ‘conteúdo’, é um trabalho”.

Em 2021, Martin Scorsese publicou um ensaio na Harper's Magazine, no qual teorizou sobre um dos piores males que o setor está sofrendo atualmente: a transformação do cinema em “conteúdo”. Um “mínimo denominador comum” que, como o diretor explicou, coloca “um filme de David Lean, um vídeo de gato, um anúncio do Super Bowl, uma sequência de super-herói ou um episódio de uma série” no mesmo nível.

Apesar do fato de que muitas pessoas se descabelaram com essas declarações, a mensagem de Scorsese permaneceu firme e viva. E, se havia alguma dúvida sobre isso, basta ouvir Paul Mescal, que, depois de estrelar o comovente Aftersun, voltou aos cinemas com o aguardado Gladiador 2.

Conteúdo de qualidade

Em uma entrevista ao The Sunday Times, Mescal disse que rotular longas-metragens como “conteúdo” é algo “repugnante”, diferenciando claramente o que ele considera serem as duas faces da mesma moeda no setor cinematográfico atual.

“Nos últimos anos, as pessoas têm falado sobre filmes como conteúdo. É uma palavra repugnante. Não é ‘conteúdo’, é um trabalho. Não quero parecer elitista, mas há dois setores paralelos. Um que trabalha sem cuidado, sem integridade artística. ‘Vamos lá, faça as coisas pensando nos seguidores do Instagram, tanto faz’... Mas o outro é o que sempre esteve presente: a arte de fazer filmes. Produção, direção, iluminação e design de produção. É isso que mantém os artistas vivos.”

Estas palavras não devem confundir os fãs, nem dar origem a mal-entendidos sobre a relação de Paul com o mundo do cinema. Como ele explicou em entrevista ao IndieWire, há espaço em sua vida para curtir tanto sucessos de bilheteria quanto longas-metragens independentes, embora fosse ideal que estes últimos pudessem desfrutar de mais espaço.

Gosto tanto de sucessos de bilheteria quanto qualquer outra pessoa, mas o que quero dizer é que precisamos ser cuidadosos e deixar um pouco mais de espaço para filmes como Aftersun se destacarem... Não acho que esteja sendo elitista em relação a isso. O que realmente me preocupa é que esse espaço [para os filmes independentes] está sendo invadido. E se não mantivermos o ecossistema equilibrado, teremos apenas um tipo de filme.”

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