Mais de 50 mil figurantes e uma investigação em 500 livros: O filme que Stanley Kubrick estava morrendo de vontade de dirigir e nunca foi filmado
Nathalia Jesus
-Redatora e crítica
Jornalista apaixonada por cinema, televisão e reality show duvidoso. Grande entusiasta de dramas coreanos e tudo o que tiver o dedo de Phoebe Waller-Bridge.

Ridley Scott e Steven Spielberg tentaram recuperar o legado de Kubrick, mas, até agora, não conseguiram corresponder à sua visão original.

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No final da década de 1960, o sonho de Stanley Kubrick de filmar uma biografia monumental de Napoleão Bonaparte começava a tomar forma. A visão de um novo filme o levou a realizar um trabalho de pesquisa ilimitado, acumulando milhares de páginas de documentação sobre a figura histórica.

Apesar de suas tentativas de capturar a vida de Napoleão na tela grande, o projeto terminou muito antes de existir. O que Kubrick considerou "o melhor filme já feito" foi largado no limbo dos filmes que nunca existiram.

Com mais de 500 livros e um banco de dados com 30 mil fotografias de locações, o cineasta queria que o filme fosse o mais fiel possível à realidade. Sua ideia envolvia um orçamento exagerado que incluía mais de 50 mil figurantes, todos militares, treinados para recriar as batalhas com precisão histórica.

"O melhor filme que já vi": Esta obra-prima recebeu os maiores elogios do lendário diretor Stanley Kubrick

Esse custo, somado ao fracasso comercial do filme Waterloo, de Sergei Bondarchuk, fez com que os estúdios de Hollywood voltassem as costas ao projeto tão rapidamente quanto ele foi proposto.

Com Napoleão de lado, Kubrick teve que dedicar seu tempo e esforço a outros títulos como Laranja Mecânica e Barry Lyndon, filmes que seriam lançados em 1972 e 1975, respectivamente. Inclusive, o diretor aproveitou a filmagem do segundo título para aplicar técnicas que idealizou para seu projeto fracassado, como o uso de iluminação natural em ambientes fechados graças às lentes Zeiss da NASA, que lhe permitiram filmar em ambientes com pouca luz sem precisar recorrer à iluminação artificial que não era realista.

Ridley Scott e Steven Spielberg tentaram realizar o sonho frustrado de Kubrick

Embora Napoleão nunca tenha existido, a ideia de um conto épico sobre Bonaparte passou de mão em mão em Hollywood. Em 2023, Ridley Scott lançou Napoleão, uma tentativa de reviver a figura do imperador nas telonas.

O filme não recebeu boas críticas e, hoje, tem nota de 58% no Rotten Tomatoes, sendo definido pela crítica como uma produção com abordagem imprecisa dos acontecimentos históricos.

Após a tentativa do diretor de Alien: O Oitavo Passageiro, a história do Napoleão de Kubrick poderia ser revivida de outra forma. Steven Spielberg, que colaborou com Kubrick em A.I. - Inteligência Artificial, anunciou a intenção de levar o projeto para a telinha em uma série limitada de sete episódios.

Spielberg afirma que este formato permite desenvolver com maior detalhe a complexidade da vida de Bonaparte, algo que talvez Kubrick teria celebrado. Será que um dia conseguiremos aproveitar esse projeto frustrado?

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