David Fincher não nos mostrou a cabeça sem vida de Gwyneth Paltrow em Seven, mas Steven Soderbergh a reciclou em outro filme igualmente macabro
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

De protagonizar um dos efeitos Mandela mais famosos do cinema moderno a arrepiar os cabelos em um filme profético.

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Os anos passam e o terceiro ato de Seven continua deixando os nervos à flor da pele e o estômago embrulhado. Os níveis de tensão e desconcerto que o thriller de David Fincher gera desde que John Doe decide se entregar na delegacia até que culmina seu plano macabro no meio do nada estão ao alcance de pouquíssimos cineastas que abraçam a máxima "sugerir é melhor do que mostrar".

As duas vidas da cabeça de Gwyneth

Como você pode intuir, se eu usei essa expressão é porque vamos nos deter em um elemento concreto que continua gerando conversas quase 30 anos após a estreia do filme estrelado por Brad Pitt e Morgan Freeman, e que se tornou um dos efeitos Mandela mais famosos da sétima arte: a cabeça decepada de Gwyneth Paltrow e embalada em uma caixa para a ocasião.

Como já comentamos em outro texto há um tempo, Fincher, expert em manipular a audiência através da câmera e da montagem, se arranjou para que muitos espectadores acreditassem ter visto a cabeça de Tracy em cena durante o clímax do filme. Nada mais longe da realidade, porque o diretor optou por omitir em todo momento o detalhe para se concentrar inteiramente na visceralidade emocional da passagem.

Isso não quer dizer que, em primeira instância, não se cogitasse jogar a carta do macabro e criar uma réplica hiper-realista da cabeça de Paltrow que acabou juntando poeira em algum depósito até que Steven Soderbergh decidiu reciclá-la uns 15 anos depois. Foi no profético thriller pandêmico Contágio, no qual a boa Gwyneth sofre um destino pouco agradável muito antes do esperado, com sua personagem, Beth, falecendo durante os primeiros minutos do longa.

Uma das prioridades de Soderbergh ao dar forma à sua obra foi o rigor científico, submetendo-se junto com seu roteirista Scott Z. Burns a um processo de documentação que resultou em cenas tratadas com grande meticulosidade, como a autópsia de Beth. Nela, para poupar a atriz de um pequeno calvário e, de quebra, economizar uns bons dólares, o diretor e sua equipe optaram por recuperar o adereço de Seven e dar-lhe uma segunda vida... ou morte.

Então sim: você viu a cabeça decapitada de Gwyneth Paltrow, mas não no filme que você pensava...

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