Pierre Niney protagoniza uma grande adaptação que fascinou Arturo Pérez-Reverte.
Dimitri Rassam, o produtor dos dois recentes filmes de Os Três Mosqueteiros, acertou ao transferir o espírito de folhetim dos romances de Alexandre Dumas sem renunciar à lírica de sua prosa nem ao seu sabor genuinamente francês, esquivo em algumas das dezenas de adaptações da história, alcançando um equilíbrio fantástico entre a aventura e a intriga histórica que se repete novamente em O Conde de Monte Cristo, com uma diferença fundamental.
Não há no material original o mesmo empenho de sacar espadas e a história toma rumos de romance gótico e thriller, com um caráter épico que representa a priori um desafio maior. Mas Rassam manteve muitos aspectos de suas adaptações anteriores nesta nova versão para mostrar um trabalho mais ambicioso e maduro, para o qual contou com os diretores Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière, uma dupla que refina o aspecto um tanto televisivo da adaptação anterior com uma abertura panorâmica que lembra os grandes clássicos de aventura e pirataria.
Não deixa de ser algo em sua concepção em relação aos blockbusters milionários de antigamente, mas consegue retratar a época do exílio napoleônico com uma ambientação crível e eficaz que se vale das grandes construções, monumentos, palácios e locações naturais que amplificam um orçamento modesto para os padrões de Hollywood de 42 milhões de euros, que representam o filme mais caro do cinema francês deste ano, mas nos quais também se deve contar que se expandem em uma duração de 180 minutos nos quais acontecem muitas, muitas coisas em muitos, muitos anos.
Um plano magistral e perverso
De acordo com o crítico do site espanhol Espinof, Jorge Loser, o passo mais inteligente na adaptação é deixar que o material fale por si mesmo, "demonstrando sua atemporalidade e sabendo colorir as descrições com uma correção quase imaculada, com um respeito que faz desaparecer qualquer intromissão autoral dos diretores além da clareza narrativa, um trabalho de contenção que muitas vezes se confunde com a realização plana, mas que em casos como este são estratégias desejáveis".
"Destaca-se no elenco de um elenco estupendo a transformação de Pierre Niney em Edmundo Dantès, um ator que já se destacava no excelente Caixa Preta e que aqui consegue passar por todas as partes da transformação do personagem de forma crível, conseguindo em última instância encarnar o homem corroído pelo ódio que volta como uma mão implacável. Seu porte elegante, seu olhar profundo e o acompanhamento de um figurino romântico de fantasia o transformam em um Bruce Wayne do século XIX, consumido por sua solidão e cercado de riquezas, em uma das representações mais acertadas do livro".
E por fim, "outras passagens como o cativeiro, o tesouro e o jantar em que brinca com as histórias de fantasmas são algumas das que O Conde de Monte Cristo consegue refletir como nenhuma outra adaptação até o momento. Mas o conjunto, com uma capacidade de síntese perfeitamente resolvida, colocando o acento no coração do romance, é em si mesmo um thriller apaixonante que não deixa pesar nem um momento de suas ágeis três horas, uma compressão admirável para um material que dava para toda uma minissérie. Curiosamente, teremos uma dentro de alguns meses, mas tem difícil superar a magia que evoca esta adaptação à qual o idioma francês converte na perfeita evocação da experiência Dumas, além de um dos melhores filmes do ano".
Enquanto isso, o filme estreia nos cinemas brasileiros em 5 de dezembro.
*Conteúdo Global do AdoroCinema
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