Christopher Reeve e Zack Snyder enfrentaram o mesmo problema com Superman - apesar dos 30 anos de diferença entre os filmes
Maria Santos
Maria Clara decidiu estudar audiovisual para juntar o melhor de todos os mundos. Apaixonada pelo cinema independente e também pelos famosos filmes da sessão da tarde, não dispensa indicações e nem julga um filme pela sinopse.

Reeve ficou conhecido na década de 1980 como o maior intérprete de Superman.

Há 20 anos, o mundo se despedia de um verdadeiro herói sem capa: Christopher Reeve. O ator, que em 1978 eternizou a melhor interpretação live-action de Superman, precisou se afastar dos holofotes após um grave acidente que o deixou tetraplégico.

Mesmo diante dessa adversidade, Reeve nunca deixou de ser uma grande referência para o mundo dos super-heróis, especialmente para os atores que seguiram honrando o manto vermelho, como Brandon Routh, Henry Cavill e David Corenswet.

O curioso desafio de Reeve e Henry Cavill

Richard Donner, foi o cineasta responsável por trazer Reeve ao estrelato nos anos 70 com Superman: O Filme, ele também esteve à frente de duas outras sequências do herói. Trinta anos depois, Zack Snyder trouxe uma nova versão do O Homem de Aço às telonas com Henry Cavill assumindo o papel principal.

Apesar da distância no tempo, Snyder enfrenta semelhantes críticas à sua produção e toca em uma questão filosófica parecida com a da construção do filme Superman 4 : tanto Cavill quanto Reeve precisaram lidar com o dilema sobre a figura de "deus" que o Superman representa.

“Era ele ou nós”: Zack Snyder justifica uma das maiores polêmicas de O Homem de Aço

Essa reflexão foi abordada por Kyle Higgins, quadrinista e ex-estagiário de Donner, durante um painel no Chicago Comic & Entertainment Expo (C2E2). Higgins explicou que Reeve enfrentou o mesmo tipo de conflito que orientou a visão de Snyder para o herói. Ele relembrou uma conversa com o roteirista Tom Mankiewicz sobre a intenção de Reeve de fazer com que Superman 4 abordasse o desarmamento nuclear.

"Christopher Reeve aceitou fazer Superman 4: Em Busca da Paz porque a Warner Bros. prometeu produzir outro filme que ele queria dirigir, desde que ele voltasse ao papel de Superman", contou Higgins.

Ele concordou, mas exigiu controle criativo total e a participação de Donner e Mankiewicz no projeto. Por um breve momento, eles consideraram a ideia, mas acabaram desistindo. Tom me disse que, durante um almoço, Reeve insistiu que era fundamental que o filme tratasse do desarmamento nuclear.

O quadrinsta ainda relembrou uma observação intrigante de Mankiewicz: "Ele me disse que contar essa história poderia fazer o público se perguntar: 'Por que o Superman não leva comida para acabar com a fome na África? Por que ele não resolve todos os outros problemas do mundo?' Quando um herói reflete demais o mundo real, o escapismo se perde, e a narrativa vira um dilema: 'E se um deus vivesse entre nós? Como isso poderia ser perigoso?'"

Higgins acrescentou: "Não há nada de errado com essa visão, mas é uma abordagem específica. É curioso pensar que, já no final dos anos 70 e início dos 80, eles discutiam o quanto o Superman poderia refletir o mundo real. Embora Em Busca da Paz não tenha sido um sucesso, eu admiro a ousadia da proposta."

O desafio de tornar o Superman mais realista

As versões de Reeve e Cavill tentaram trazer questões mais profundas para as histórias do Superman, mas ambas acabaram recebendo críticas. Reeve quis explorar o desarmamento nuclear, enquanto Cavill colocou o herói em situações complexas, como ao salvar Lois Lane (Amy Adams) em uma zona de guerra. Em ambas as abordagens, surge a mesma questão: até que ponto o Superman é apenas um herói ou pode ser visto como um tirano disfarçado de salvador?

Apesar de ser uma trama já explorada nos clássicos quadrinhos da DC, a proposta apresentada aos dois atores deixou um gosto amargo na boca de alguns fãs. No entanto, a situação não parece ter abalado Snyder, que continuou explorando esse dilema em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, no qual o confronto entre o herói e a humanidade se torna ainda mais evidente.

A próxima história do Superman nos cinemas será dirigida por James Gunn, com David Corenswet assumindo o novo papel. O filme tem lançamento previsto para 2025. Enquanto isso, Christopher Reeve terá sua trajetória relembrada no documentário inédito Super/Man: A História de Christopher Reeve, que chega aos cinemas no dia 17 de outubro.

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