Festival do Rio 2024: Serra das Almas leva thriller psicológico e Tarantino para o agreste pernambucano (Entrevista Exclusivo)
Júlia Barbosa
Criada no palco, sempre foi movida pela arte. Defensora ferrenha de Crepúsculo e Ricardo Darín, fala pelos cotovelos sobre as histórias que vemos nas telas e nos bastidores.

O drama psicológico de Lírio Ferreira foi gravado e se passa no interior de Pernambuco.

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Com Serra das Almas, Lírio Ferreira fez duas salas lotadas do Estação NET Gávea oscilar entre a gargalhada e os arrepios de nervosismo. O thriller agreste fez sua estreia mundial na última quarta-feira (9), no Festival do Rio 2024. O filme faz parte da Mostra Première Brasil e compete pelo Troféu Redentor na categoria Longa-Metragem de Ficção.

O AdoroCinema marcou presença na primeira exibição do filme e tivemos a oportunidade de conversar com o diretor Lírio Ferreira e com a atriz Julia Stockler em entrevista exclusiva. Ela protagoniza o longa-metragem ao lado de Ravel Andrade, David Santos, Jorge Neto, Mari Oliveira, Pally Siqueira e Vertin Moura.

Em Serra das Almas, Samantha (Julia Stockler), uma jornalista determinada em desmascarar um senador suspeito por tráfico de pedras preciosas acaba sendo sequestrada quando a operação estoura em um tiroteio. Geslano (Ravel Andrade) e Charles (David Santos) levam os reféns para a casa de um amigo de infância no meio da serra pernambucana. No isolamento, eles são assombrados pelos fantasmas do passado e confrontados com novos pesadelos.

O cineasta recifense, também responsável por Árido Movie, descreveu o processo de produção de seu novo filme como um “parto histérico”, especialmente por conta do desenvolvimento dele ter sido junto com o retorno pós-pandemia e do cenário político conturbado na época:

“O Serra [das Almas] foi feito em um momento muito delicado que a gente estava vivendo no país e é extremamente prazeroso ver todo mundo aqui hoje por conta dessa do filme no lugar certo que é o cinema”, relembra Ferreira.

O thriller pernambucano se inspira em Tarantino?

Na saída da sessão, ouvi algumas pessoas que estavam na sala comparando o filme logo de cara com Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino. Até certo ponto, a equivalência faz sentido, mas, como o próprio Lírio enfatiza, suas referências foram tantas que evita pontuar inspirações específicas:

“Eu tive a possibilidade de mexer com vários gêneros, de citar várias referências e de buscar determinadas memórias afetivas da minha vida. É dificílimo dizer de qual fonte você bebe quando você não consegue ver a água, né? Aí jorra de tudo que é lado e você se molha todo”, brinca.

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Serra das Almas é uma experiência imersiva e dinâmica

A versatilidade e as performances afiadíssimas do elenco são essenciais para conduzir o público pelos diferentes lugares da narrativa, tanto de ação e suspense, quanto da comédia. Enquanto David Santos explode em delírio, Mari Oliveira trabalha em um lugar mais delicado, dizendo muito mesmo no silêncio.

Julia Stockler conta que pôde mergulhar fundo na história e explorar a dinâmica entre os personagens graças à preparação que foi feita no interior de Pernambuco antes e durante as filmagens e à troca com o diretor:

“A gente ensaiou no interior por duas semanas profundamente todos os dias e aí gravamos lá. Foi uma imersão de todo o elenco da equipe. O Lírio é um diretor muito generoso e muito delicado. Ele propõe dinâmicas e deixa o texto ser modificado caso a gente veja necessidade, então foi um processo muito feliz”, recorda.

Serra das Almas transita por diversas emoções em momentos de alta tensão e relaxamento. É possível distingui-los, principalmente, entre dois núcleos - feminino e masculino. Os homens têm uma parceria bem estabelecida no começo que escala para uma violência extrema e destrutiva. Do outro lado, as mulheres, que estão inicialmente afastadas, vão se conectando e cuidando uma da outra de maneira sutil.

A protagonista faz questão de enfatizar como a dinâmica entre as personagens femininas - Samantha (Stockler), Luiza (Pally Siqueira) e Vera (Mari Oliveira) - é algo que o público deveria prestar atenção ao assistir:

“Eu gostaria que a relação entre as mulheres fosse olhada com carinho. Elas vêm de vidas muito diferentes, mas precisam sobreviver. Então, é só através uma da outra elas conseguem”, destaca Stockler.

Serra das Almas está em exibição no Festival do Rio 2024, que acontece até o dia 13 de outubro.

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