Orson Welles disse que este foi o melhor filme de guerra que ele já viu: 47 anos depois, continua sendo um marco do gênero
Eduardo Silva
-Redator
Jornalista que ama filmes sobre distopias e animes de battle royale. Está sempre assistindo alguma sitcom e poderia passar horas falando sobre Yu Yu Hakusho e Jogos Vorazes.

Lançado em 1977 após uma produção particularmente complicada e caótica, o único filme de guerra de Sam Peckinpah é uma obra-prima pura.

Em 1998, a imprensa e o público caíram aos pés de um filme de guerra que, sob a direção de Steven Spielberg, conseguiu se tornar um dos mais realistas de todos os tempos. Ambientado em torno dos desembarques da Normandia, um dos principais episódios da Segunda Guerra Mundial, O Resgate do Soldado Ryan não deixou de ter cenas difíceis de assistir, com corpos mutilados ou carbonizados no meio e cenas de ação verdadeiramente perturbadoras que não passaram despercebidas nem mesmo entre os soldados mais veteranos, que elogiaram o realismo desse trabalho.

No entanto, 21 anos antes, Sam Peckinpah já havia causado um grande impacto com A Cruz de Ferro, o único filme de guerra do diretor e um dos melhores filmes do gênero já feitos. Um filme de violência extremamente realista que buscou e conseguiu perturbar o público, apesar de alguns comentários da época acusarem Peckinpah de glorificar a violência ao longo de sua carreira.

Frente russa, Península de Taman, 1943. Os exércitos alemães se retiram. No regimento comandado pelo coronel Brandt, entra um novo comandante de batalhão, Stransky, um aristocrata prussiano que se voluntaria para a frente russa a fim de trazer de volta a Cruz de Ferro, um cobiçado símbolo de bravura. No entanto, uma profunda antipatia se desenvolve imediatamente entre ele e o sargento Steiner, um combatente que é admirado por seus homens e despreza os oficiais.

Adaptado da obra homônima do escritor Willi Heinreich, Peckinpah encontrou muitas dificuldades para realizar o filme. O roteiro teve que ser revisado várias vezes, o financiamento inicial acabou sendo insuficiente e as filmagens na Iugoslávia tiveram alguns problemas.

No entanto, o cineasta conseguiu fazer um filme de força implacável, violentamente antimilitarista, despojado de grandeza e heroísmo, e com uma diferença fundamental em relação a outros filmes sobre o conflito armado da época. Ampliado pelo formidável trabalho do diretor de fotografia John Coquillon e pelas habilidades de edição de Peckinpah, o filme foi, por sua vez, elevado pelas imensas atuações de seu elenco, liderado por James Coburn e Maximilien Schell.

O grande mestre Orson Welles disse que A Cruz de Ferro era o melhor filme de guerra que ele tinha visto desde Sem Novidade no Front (1930) e, segundo consta, uma das coisas que ele mais gostou foi o fato de a história ser contada do ponto de vista de um soldado alemão comum.

Dois anos depois, houve uma sequência, Ruptura das Linhas Inimigas (1979), mas apenas uma pequena parte do elenco estava de volta e foi recebida com pouco entusiasmo pelo público e pela crítica.

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