A melhor animação de 2024 não é da Pixar: Conheça o filme que pode roubar o Oscar de Divertida Mente 2

Prestes a chegar aos cinemas brasileiros, Robô Selvagem é aposta certeira de DreamWorks.

Nos últimos anos, a indústria de animação passou por mudanças significativas. Ainda pode ser cedo para dizer que essas transformações foram tão emblemáticas quanto divisores de águas passadas, como a inserção da computação gráfica nos filmes animados e o abraço ao hiperrealismo que ditou tendências nas últimas duas décadas, mas definitivamente trata-se do início de uma nova era.

Aos que já estão acostumados aos conteúdos sobre a linguagem, é preciso dizer uma vez mais sobre o momento exato de ruptura: sim, estamos falando sobre a entrada de Homem-Aranha no Aranhaverso neste jogo que era regido basicamente por um estúdio e suas divisões. Depois do longa da Sony Pictures Animation, as inúmeras possibilidades gráficas deixaram apenas o campo das experimentações para se tornarem desafios de originalidade estética.

Devemos citar, é claro, que o teor disruptivo sempre esteve vinculado ao trabalho de animadores. Esta é a linguagem mais versátil do cinema e, como acontece em outras áreas da arte, o trabalho de profissionais independentes é essencial para o início de uma revolução. Embora esteja vinculado ao maior estúdio produtor de animações, a Disney, O Avião de Papel (2012) é um exemplo de que essa mudança já estava no horizonte. Foi a partir da primeira oportunidade de John Kahrs como diretor que proporcionou um gostinho diferente neste campo.

Chegando em 2024, já é possível encarar o panorama destes primeiros 5 anos de mudanças concretas nas telonas e telinhas. Tivemos excelentes abordagens visuais tanto nos cinemas quanto na TV, como Os Caras Malvados, Luca, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, Gato de Botas 2: O Último Pedido, Wish, Pinóquio de Guillermo del Toro, O Menino e a Garça, Suzume, Através do Aranhaverso, Elementos, Marcel, a Concha de Sapatos, Castlevania, Arcane, Samurai de Olhos Azuis, Patos e (ufa!) muitos outros projetos que seguiram rumos diferentes a o que já era o padrão da indústria.

Essa mudança nos leva, invariavelmente, a premiações como Oscar e Annie Awards. Enquanto Disney e Pixar dominavam as honrarias, começou-se a formar um movimento atento a diferentes entradas em animações. Faz 2 anos que a Casa do Mickey não leva o principal prêmio para casa e a próxima edição talvez seja uma das mais concorridas da década.

Divertida Mente 2 vs Robô Selvagem na corrida do Oscar 2025

Dificilmente algum lançamento deve tirar o posto de Divertida Mente 2 como a maior bilheteria de 2024. O longa da Pixar dirigido por Michael Mann foi sucesso nas telonas e agora também performa muito bem no streaming, com uma trajetória que aqui no Brasil, por exemplo, representou "apenas" o status de filme mais visto da história do país nos cinemas.

A presença do filme da Pixar no Oscar 2025 é uma certeza, mas sua vitória na categoria de Melhor Animação, não. A competição dos últimos anos foi apertada e isso não mudará em março do ano que vem. Isso porque a lista de possíveis candidatos têm nomes de peso como Transformers: O Início, Moana 2, O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim, Chicken for Linda, Ultraman: Rising, Piece by Piece, Memoir of a Snail, That Christmas, entre outros.

No entanto, existem dois filmes que merecem muita atenção: Flow e Robô Selvagem. Enquanto o primeiro foi exibido apenas em festivais - e conquistou 4 prêmios do Festival de Annecy, um dos principais eventos de animação, e já está submetido na categoria de Melhor Filme Internacional, o segundo chega aos cinemas nesta semana.

O novo filme da DreamWorks já chega como um dos favoritos para levar uma estatueta. A trama acompanha uma robô conhecida como "Roz" – a unidade ROZZUM 7134 –, que naufraga em uma ilha desabitada e precisa aprender a se adaptar a esse novo ambiente. Pouco a pouco, construindo relações com animais nativos - e isso inclui até a adoção de um filhotinho de um ganso - este ser artificial passa a ter algo muito próximo de uma humanidade.

Com 98% de aprovação da crítica e do público no Rotten Tomatoes, o consenso da mídia especializada afirma que "um conto simples contado com grande sofisticação, Robô Selvagem é um entretenimento maravilhoso que deslumbra os olhos e enche o coração".

Nota 4 de 5 pela crítica do AdoroCinema, o filme é descrito por este que vos escreve como um casamento entre Wall-E e O Gigante de Ferro, com influências de Procurando Nemo e Meu Amigo Robô. Com um estilo que mescla o 2D e o 3D, com grande apreço a paisagens carregadas de aquarela, o título reúne o que há de melhor nas animações atuais. Eis o veredito:

"Robô Selvagem oferece uma das melhores experiências cinematográficas da temporada. Com seu estilo gráfico inovador, que atualiza a linguagem com imagens grandiosas, o filme consegue equilibrar contrastes a partir do que é incomum e inesperado, seja pelo humor ácido ou por ver uma robô se tornar uma mãe, uma amiga e uma protetora".

Ainda que Divertida Mente 2 ofereça uma narrativa que explora a inventividade do longa original, a execução fica um tanto aquém da primeira aventura. Não há ousadia estética, mesmo com um trabalho refinado de excelência que conhecemos do estúdio, e o apoio na trama anterior tira um pouco do brilho do projeto. Trata-se, sim, de um dos melhores filmes do ano, mas a aventura de Roz e Bico-Vivo se torna uma refeição completa, com direito a sobremesa, enquanto o longa da Pixar é apenas um prato saboroso.

Essa é a chance da DreamWorks ganhar o seu 4º Oscar e também quebrar o hiato de 18 anos sem vencer a honraria, desde Wallace & Gromit - A Batalha dos Vegetais. Divertida Mente 2 está disponível no Disney+. Já Robô Selvagem estreia nesta quinta-feira, 10 de outubro, nos cinemas brasileiros.

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