“Passaram dos limites”: Essa foi a única condição imposta por Robin Williams para dar voz ao Gênio em Aladdin, mas a Disney fez exatamente o oposto
Eduardo Silva
-Redator
Jornalista que ama filmes sobre distopias e animes de battle royale. Está sempre assistindo alguma sitcom e poderia passar horas falando sobre Yu Yu Hakusho e Jogos Vorazes.

Além de reduzir drasticamente seu salário, Williams aceitou dar vida ao Gênio com a condição de que seu trabalho não fosse usado para merchandising.

Obviamente, quase todo mundo já viu Aladdin, a animação da dupla John Musker e Ron Clements. Também é praticamente certo que quase todo mundo tem em mente o famoso Gênio da Lâmpada. Mas sejamos honestos, quando o filme foi lançado no Brasil em 1992, quem sabia que foi Robin Williams quem dublou o personagem na versão original? Poucas pessoas, provavelmente.

O gênio cômico de Williams brilhou até na dublagem de um personagem animado, para o qual ele improvisou seus diálogos de forma torrencial. Veja abaixo um trecho desse trabalho absolutamente brilhante:

E quando dizemos torrencial, não se trata de uma palavra vazia. O ator gravou quase 30 horas de diálogos, tanto escritos quanto improvisados. Um trabalho fabuloso, como Ron Clements disse à Variety em 2021:

“A cada tomada, Robin acrescentava e embelezava, de modo que, na 25ª (e última) tomada, a cena tinha passado de 3 minutos para cerca de 20 minutos! Robin sempre apresentava mais e mais ideias. E ele era sempre hilário. Em um determinado momento, tivemos que retirar o animador principal do Gênio, Eric Goldberg, da sala de gravação porque ele estava rindo descontroladamente e estragando as tomadas.”

Clements acrescentou: “Espero que tenhamos escolhido os melhores elementos, mas houve muito material que não guardamos”.

“Eu não faço isso, esse é o único limite”

Em vez de uma remuneração de quase 8 milhões de dólares, Williams concordou em reduzir drasticamente seu salário para 75 mil dólares. Mas antes de assinar o contrato, ele estabeleceu uma condição rigorosa para a Disney: que sua voz não seria usada em hipótese alguma para vender produtos e que o Gênio não ocuparia mais do que um quarto do espaço do pôster do filme.

Porém, a Disney cortou o contrato e fez exatamente o oposto do que havia sido acordado com o ator. Em 1993, no Today Show para promover o filme Uma Babá Quase Perfeita, Williams expressou sua raiva sobre o assunto.

“De repente, eles lançaram um comercial – parte era o filme, outra parte era usar o filme para vender coisas. Eles não apenas usaram minha voz, mas pegaram um personagem que eu criei e o adicionaram para vender coisas. Essa foi a única coisa que eu disse: ‘Eu não faço isso’. [...] Eles passaram dos limites com isso.”

A defesa arriscada da Disney

A defesa da Disney foi, no mínimo, arriscada. Após as revelações do ator, a empresa se opôs, explicando que isso se devia ao fato de o ator estar frustrado com o valor pago por seu trabalho no filme. “Todo material promocional relacionado ao marketing é supervisionado por Marsha [nota do editor: a esposa do ator na época] e Robin Williams”, comentou a empresa, conforme relatado pelo Los Angeles Times.

Jeffrey Katzenberg, o chefe da Disney na época, tentou persuadi-lo e ofereceu uma pintura de Picasso no valor de um milhão de dólares. Williams pendurou o quadro em sua sala de estar, mas isso ainda não era um pedido de desculpas oficial da Disney.

Foi somente em 1994 e com a saída de Katzenberg – que foi substituído por Joe Roth, da 20th Century Fox –, que a empresa se desculpou oficialmente com o ator. Anos depois, em 2009, Williams foi homenageado com o título de “Disney Legend”.

“Robin mudou a forma como os filmes de animação eram vistos”, disse Clements em entrevista à Variety. “Sua brilhante veia cômica trouxe um toque adulto à animação, o que era novidade na época. Ele também foi uma das maiores estrelas que já apareceu em um filme de animação da época.”

“Para ser claro, não queríamos Robin porque ele era uma grande estrela. Nós o queríamos porque ele era perfeito para o papel. Nós o queríamos porque pensávamos que seu talento poderia trazer algo novo e inovador aos filmes de animação da Disney, que poderia ser emocionante e divertido. E foi exatamente isso que ele fez!

Aladdin está disponível no catálogo do Disney+.

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